
Pedestres se arriscam para atravessar a via. Obstáculos implantados não são suficientes. Fotos: Nando Santos
As obras do projeto Nova Ponta da Praia eliminaram uma série de problemas no trânsito na região, mas um deles ainda persiste.
E até piorou a situação, com a retirada de um semáforo que havia no local, assim como a faixa de segurança, antes da reurbanização.
Também faltam grades de separação – as mesmas que se espalham pelas praças e ruas da Cidade para orientar o fluxo dos pedestres.
Afinal, o fluxo é constante e ininterrupto de passageiros do serviço de barcas que atuam entre Santos e Guarujá.
E vice-versa.
Assim, no local, pedestres, ciclistas (o acesso ao terminal se dá em frente à ciclovia, que alerta sobre o fluxo de pedestres), motoristas e também motociclistas, em razão da faixa exclusiva recém-instalada.

A ciclovia alerta para os pedestres que, teoricamente, não deveriam ultrapassá-la para atravessar a avenida. Fotos: Nando Santos
Dessa forma, ao sair ou entrar na embarcação, as pessoas seguem em linha reta em direção à entrada ou saída do terminal de passageiros.
Preferem isso a ter que percorrer um trecho mais seguro, mas de logística ineficiente e confusa aos pedestres.
Aliás, não há qualquer sinalização neste sentido de forma a orientá-los a fazer o novo trajeto – muitas vezes interrompido na saída de ciclistas e carros do terminal de balsas localizado ao lado da estação de passageiros.
Risco de acidentes
Assim, os usuários preferem atravessar as duas pistas da Avenida Saldanha da Gama, em ambos os sentidos, em claro risco de acidentes.
“Mesmo atravessando entre os carros, é mais rápido ir direto para não perder o ônibus”, diz a doméstica Rosana de Freitas, 38 anos, usuária frequente do transporte.
“Por sorte, até agora não ocorreu algo mais grave”, diz um ambulante que trabalha nas imediações, mas que pediu o anonimato.
Não bastasse, grades e até a cerca viva que impediam o acesso às pessoas no canteiro central já foram eliminadas pelos pedestres para facilitar a travessia.
A grama em frente ao terminal, que margeia a ciclovia, também faz parte do passado.
O mesmo ocorre em trechos onde estão instalados os trailers.
“A situação é caótica aqui, especialmente nos horários de pico”, diz o aposentado Paulo Roberto, 62 anos.
Ele relata que em razão da mudança dos pontos de ônibus, muitos usuários “saem correndo” da balsa para não perder o transporte público – tão escasso já em tempos normais, ainda mais agora em época de pandemia.
E o mesmo ocorre no sentido inverso para quem se dirige às embarcações.
Afinal, o atraso na travessia pode representar um tempo maior de espera pelo transporte público em Guarujá, com efeito cascata até chegar em casa.
Apenas uma viatura da CET permanece estacionada a alguns metros de distância, mas para orientar – ou multar, em caso de irregularidade – quem se dirige à balsa.
Na travessia de pedestres em si, absolutamente ninguém para orientar.

Em razão do fluxo, grama plantada inexiste. Até pedaços de madeira foram colocados para facilitar o fluxo dos pedestres em dias de chuva. Foto: Nando Santos
Outro lado
Em nota, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) de Santos informa que, atualmente, devido às obras realizadas no local, para acessar a Rua Rei Alberto I, onde está o ponto final dos ônibus, pedestres acabam desrespeitando a sinalização existente e comprometem a própria segurança.
Toda a área conta com monitoramento constante e, quando há grande fluxo de pedestres e veículos, é disponibilizado um agente de trânsito no local.
Também está programada uma campanha educativa com orientação voltada à travessia segura de pedestres.
Para evitar que os pedestres atravessem em local desapropriado, a Prefeitura irá providenciar a instalação, em breve, de barreiras de proteção (telas ou grades – depende da disponibilidade do material) no ponto mais crítico – altura da entrada e saída das barcas Santos/Guarujá.
Ressalta ainda que até o fim de outubro, quando será concluído o projeto de reurbanização da Ponta da Praia, esta região será contemplada com um novo terminal de ônibus.
Para acessá-lo, os passageiros deverão seguir pelas faixas de pedestres já implantadas.