Um vírus de polêmicas e controversas | Boqnews
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Coronavírus

22 DE JUNHO DE 2020

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Um vírus de polêmicas e controversas

Normas da OMS, uso de máscaras e cloroquina, modelos de flexibilização: temas que se tornaram polêmicos e controversos na pandemia

Por: João Pedro Bezerra
Da Redação

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A desinformação é um dos maiores problemas durante a pandemia do coronavírus. As falas contraditórias da Organização Mundial da Saúde (OMS), de alguns médicos, das autoridades políticas e da própria mídia prejudicam o entendimento por parte da população que acabou recebendo diferentes informações sobre os protocolos de segurança.

Vale ressaltar que qualquer análise sem profundidade sobre a Covid-19 está sujeita ao erro, isso porque o vírus é novo e pode sofrer mutação. A primeira informação que não se confirmou aconteceu antes mesmo do primeiro caso ser confirmado no Brasil. Um dos maiores nomes da medicina nacional, Drauzio Varella gravou um vídeo no começo do ano, dizendo que o coronavírus era só uma ‘gripezinha’, tendo índices muito baixo de mortes para pessoas com menos de 60 anos.

A fala foi usada até pelo presidente Bolsonaro de forma irônica durante seu pronunciamento em rede nacional no mês de março. A repercussão do vídeo foi tão grande que o médico pediu ao Youtube que retirasse o conteúdo da internet.

Outro ponto muito questionado é a relação da Covid-19 e do Carnaval no Brasil. O primeiro caso da doença no país foi diagnosticado na Quarta-Feira de Cinzas (26), mas não teve relação com os eventos durante o feriado. Todavia, segundo pesquisa da FioCruz o vírus já circulava no país antes mesmo do Carnaval, o que leva a muitas pessoas a acreditarem que as festas comemorativas, como os desfiles das escolas de samba, blocos e bandas não poderiam ter acontecido.

O médico infectologista Evaldo Stanislau explica que na época do Carnaval não havia informações como hoje sobre o vírus e, por isso, falta uma resposta exata se é possível saber se a data contribuiu para a disseminação da doença.

Além disso, ele fez uma análise sobre o tema. “O sequenciamento do vírus mostrava que a Covid-19 era de uma linhagem europeia. Apesar de ter tido muitos turistas estrangeiros no Brasil é provável que o Carnaval não tenha contribuído relevantemente, pois poderíamos ter uma explosão de casos nas semanas seguintes, o que não aconteceu”.

Máscaras

A recomendação do uso de máscaras foi contraditória. O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta ressaltou que a utilização do equipamento deveria ser exclusiva a profissionais da saúde e também para pessoas infectadas.

Contudo, o ministro mudou de decisão, após o aumento de casos e no começo de abril recomendou que as pessoas produzissem suas próprias máscaras de pano. Isso levou um tempo para ser colocado em prática pelos municípios e estados.

Em Santos, por exemplo o decreto que obrigava o uso do equipamento na Cidade só aconteceu no dia 1º de maio, ou seja, até 30 de abril centenas de pessoas podem ter contraído a doença, principalmente nos ônibus e VLT pelo não uso das máscaras que poderiam salvar vidas.

OMS

A Organização Mundial da Saúde (OMS) vem sofrendo diversas críticas nas últimas semanas pelas mudanças de posicionamentos.

Uma das questões mais debatidas é a transmissão do coronavírus por indivíduos assintomáticos.

No mundo houve uma preocupação com esses casos, pois há um temor que pessoas sem sintomas passem o vírus para familiares ou colegas, no qual podem desenvolver um quadro mais grave da doença.

Porém, no dia 8 de junho, a chefe da unidade de doenças emergentes da OMS, Maria Van Kekhore afirmou que a transmissão do vírus por pacientes assintomáticos é rara. A repercussão da notícia foi imediata e colocou em cheque a necessidade de lockdown e uma quarentena mais rígida em vários locais. No dia seguinte, a organização voltou atrás.

O diretor de emergências da entidade, Michael Ryan desmentiu o posicionamento anterior “Estamos absolutamente convencidos de que a transmissão por casos assintomáticos está ocorrendo. A questão é saber quanto”, afirmou Ryan. Outro fator que envolveu ainda mais polêmica foram os estudos com a hidroxicloroquina e a cloroquina para o tratamento da Covid-19. Na quarta-feira (17), a entidade suspendeu pela segunda vez os testes dos medicamentos.

A organização já havia parado com os experimentos da substância no dia 25 de maio, mas voltou atrás. As normas sobre a hidroxicloroquina e a cloroquina ainda não estão claras, enquanto os Estados Unidos retiraram o uso da substância no combate ao coronavírus por ineficiência, o Ministério da Saúde do Brasil vai ampliar a oferta do medicamento, inclusive para crianças e gestantes.

A decisão não agradou a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que não recomenda o uso da substância para o tratamento em crianças. O que de fato pode se comprovar é que a cloroquina, medicamento usado para combater a lúpus e a malária, ainda não apresentou nenhum resultado satisfatório em relação a Covid-19, sendo perigosa para pacientes que possuem problemas cardíacos, por exemplo.

Política e Flexibilização

As informações mais confusas sobre a Covid-19, certamente estão dentro da política.

De acordo com o cientista político Fernando Chagas, ” o comportamento dos políticos na conduta do combate ao coronavírus na frente dos Poderes Executivos determinará o futuro de suas carreiras públicas, em virtude da mudança provocada pelas decisões na forma de viver da população, alterando os costumes e hábitos das pessoas num curto prazo de tempo”, enfatiza.

A verdade é que não há consenso entre os governos federal, estadual e municipal. As decisões dos governadores vêm irritando o presidente Jair Bolsonaro que não poupou críticas sobretudo ao governador João Doria.

Quem sai perdendo com isso é a população que enxerga na política diferentes visões sobre o coronavírus. O resultado são as manifestações dos dois extremos causando aglomerações em tempos de distanciamento.

Em âmbito regional, as notícias mais contraditórias foram referentes à flexibilização. Em diversos momentos não sabia se a região estava na fase laranja ou na vermelha. Enquanto as prefeituras divulgavam que a flexibilização já estava em vigor, o Estado desmentia. O fato levou muitos comerciantes a abrirem as portas sem autorização e quando o fizeram o Tribunal de Justiça de São Paulo barrou. Isso ocorreu em três cidades da Baixada Santista: São Vicente, Guarujá e Santos, respectivamente. Agora com a região na fase laranja de fato, as polêmicas parecem diminuir.

Números

Por último, uma das controversas mais frequentes são o entendimento de dados e números da Covid-19: o Brasil passou de mais de 50 mil mortes, sendo o segundo país com mais mortes no mundo. O que algumas pessoas não levam em conta é o tamanho da população da nação.

O Brasil tem 210 milhões de habitantes, o equivalente à soma da população da Itália, Reino Unido, França e Bélgica, de aproximadamente 205 milhões de pessoas. Juntas as quatro nações tem mais 116 mil mortes pela doença. Vale ressaltar que o pico na Europa já passou, enquanto o Brasil é o epicentro do vírus neste momento.

Mesmo assim, o País precisaria alcançar mais 66 mil mortes para atingir a mesma proporção por milhões de habitantes, o que não é impossível, pois as restrições da quarentena estão diminuindo a cada dia nas cinco regiões do país e os óbitos crescem a uma taxa média de mil por dia. Em um momento de informações tão confusas, o melhor a se fazer é buscar a prevenção, higienizando as mãos e sair de casa somente para o necessário.

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