Para manter a saúde de uma democracia, é fundamental que a constituição seja defendida por partidos políticos, cidadãos organizados e, principalmente, pelas instituições.
No entanto, quando as instituições se tornam armas políticas utilizadas indiscriminadamente por aqueles que as controlam contra aqueles que não as controlam, o risco de ultrapassar os limites entre a democracia e o autoritarismo torna-se iminente.
Em muitos países com população esclarecida, os populistas carismáticos, ao chegarem ao poder, são vistos como uma moda passageira.
Na eleição seguinte, provavelmente terão perdido a simpatia do eleitor.
Contudo, em nações com pouca educação formal e política, esses populistas utilizam seu carisma para continuar a convencer a população de que seus esforços são para aperfeiçoar a democracia.
Esses esforços, muitas vezes, são aceitos pelo legislativo e pelo judiciário, pois frequentemente podem até ser considerados “legais”.
A imprensa e a mídia em geral continuam atuando normalmente, mas, quando percebem que a democracia está em risco, tentam criticar.
Porém, é tarde demais: são intimidados ou até “comprados”, sendo levados à censura ou até a autocensura.
Para neutralizar esse risco, os três poderes devem manter um equilíbrio delicado.
O Legislativo e o Judiciário precisam supervisionar e, quando necessário, frear o Executivo.
No entanto, de forma sagaz, a autocracia vai gradativamente aparelhando o Judiciário, corrompendo entidades civis, agências, etc., bem como comprando o Legislativo com favores e benesses.
Por outro lado, os poderes, especialmente o Judiciário, deveriam evitar que a política seja encarada como religião.
Definitivamente, política não é religião, pois não exige fé nem devoção, não há nada místico nela e não professa dogmas.
Cabe aos três poderes mostrar e demonstrar algo totalmente diferente!
A política deveria beneficiar a relação mútua entre os membros da sociedade e, ao mesmo tempo, aproximar-se do dia a dia das pessoas numa sociedade real.
A política deve, sim, proporcionar o desenvolvimento pacífico e imperturbável do bem-estar material para todos, protegendo-os das causas externas de dor e sofrimento, na medida em que isso esteja ao alcance das instituições.
Diminuir o sofrimento, aumentar a felicidade: eis seu propósito.
Retórica bombástica, músicas e canções, bandeiras tremulantes, flores e cores servem como símbolos, e os líderes populistas procuram ligar seus seguidores às suas próprias figuras, sejam eles membros de qualquer um dos três poderes.
Só nos resta ter esperança de que, no futuro, a política deixe de ser tudo isso.
Nada de flores e cores, canções, ídolos ou slogans. A política tem que passar a ter substância e argumentos.
Estes, necessariamente, nos levarão a ser uma nação saudável.
William Horstmann é engenheiro, ex-executivo e consultor
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