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Opiniões

28 DE NOVEMBRO DE 2015

A valorização que falta

Por: Humberto Challoub

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Relatório publicado anualmente pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgado esta semana, sintetizou em números uma das principais problemáticas enfrentadas pela educação brasileira: a pouca valorização do professor, especialmente no tocante à remuneração básica percebida para o desenvolvimento de suas atividades profissionais. O estudo comparativo revela que nas nações mais desenvolvidas um professor em início de carreira recebe, em média, R$ 9 mil, enquanto que no Brasil o piso médio inicial alcança cerca de 40% desse valor, um pouco mais de R$ 3,7 mil, a depender do estado ou município onde atua.

Há muito se sabe que o ensino básico brasileiro carece de políticas contínuas que efetivamente assegurem o acesso a todas as camadas da população, promovam a melhoria das condições estruturais e recursos pedagógicos e, principalmente, assegurem níveis salariais para manter e atrair professores de qualidade reconhecida. O relatório da OCDE reitera, mais uma vez, a urgente necessidade de contemplar as demandas salariais dos professores para tornar o setor educacional atrativo – na comparação com os demais segmentos profissionais – e, principalmente, oferecer a capacitação necessária para melhorar a qualidade do ensino ministrado. Além de elevar o nível de compreensão dos alunos do ensino de base, o aperfeiçoamento do corpo docente resultará, por consequência, na melhoria da formação ética e moral das futuras gerações de brasileiros, hoje influenciados pelo descaso das autoridades públicas e sem qualquer referência que lhes deem parâmetros para construção de uma sociedade alicerçada em conceitos de eficiência, culto à sabedoria e de respeito aos valores de humanidade e cidadania. Nesse sentido, interromper o moto-contínuo da ignorância é um compromisso a ser assumido por todos segmentos sociais, sem exceção, visto que a educação é o único caminho capaz de conduzir o País a um estágio de desenvolvimento que possibilite equacionar os problemas crônicos enfrentados pela população, sobretudo as pertencentes às camadas mais pobres.

Sem dúvida, a formação de professores qualificados e estimulados é o maior desafio imposto ao sistema educacional brasileiro. Até agora, como únicos gestores, as administrações públicas, com raras exceções, foram negligentes e incompetentes na condução de políticas educacionais consistentes e contínuas, de forma a consolidar um sistema de qualidade renovável. Por essa razão, mais do que nunca havemos de entender que priorizar a educação não pode ser apenas projeto de um governo ou partido político, mas uma decisão compartilhada por todos os segmentos que compõem a sociedade para que assim estejam assegurados os benefícios desejados às atuais e futuras gerações.

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