O Brasil retrocede na promessa de retomada da consciência ecológica e investe na exploração de petróleo.
Quando se sabe que esse combustível fóssil é o responsável maior pelas mudanças climáticas, o maior perigo que ameaça a humanidade, incompreensível que o país com maior potencial de vir a ser a grande potência verde, estranha-se o claudicar.
O ufanismo de pretender aumentar a produção brasileira de petróleo, para fazer o Brasil pular do oitavo para o quarto lugar, desconsidera a fragilidade da Amazônia para ser palco dessa exploração.
Pretende-se perfurar a foz do Amazonas, região que está sob o olhar aflito do planeta, depois do extermínio praticado nos últimos anos.
A notícia coincide com o fato de que alguns interessados em perfurar a costa brasileira anunciaram a renúncia ao plano, porque a região é inóspita e sem futuro.
Não é séria a promessa brasileira de procurar o resgate reputacional de quem foi levado a ser considerado pelo mundo inteiro como “Pária Ambiental”.
Os cientistas advertem que não há mais tempo para refrear a escalada na elevação da temperatura, resultado dos gases causadores do efeito estufa, sob pena de se acelerar a marcha rumo à catástrofe derradeira.
Isso pressupõe o cancelamento de autorizações para exploração de petróleo.
Contra isso, proclama-se o surreal: procurar petróleo numa região vulnerável.
É uma área que abriga imensos sistemas de recifes de corais, a região em que o Amazonas deságua no mar e leva nutrientes até o Caribe, alimentando uma biodiversidade exuberante.
A Petrobrás, mesmo depois dos escândalos, mostra-se potente.
Registrou lucro de quase duzentos bilhões em 2022.
Deveria aplica-los na transição energética.
Na restauração de áreas desertificadas após o cultivo da cana em São Paulo, como recomendou o cientista José Goldemberg em artigo recente.
O Brasil tem de ser exportador de energia verde, tem de aproveitar a força do vento, as marés, o aproveitamento dos refugos da cana-de-açúcar, consolidar o projeto hidrogênio verde.
Não estacionar no petróleo, que já deveria estar proibido em todo o mundo, diante de sua gravíssima potencialidade letal.
Mas estamos no Brasil!
Aqui, tudo é possível!
José Renato Nalini é diretor-geral da Uniregistral, docente da pós-graduação da Uninove e secretário-geral da Academia Paulista de Letras.
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