Agiu corretamente o Governo Federal em disponibilizar mais de R$ 340 bilhões para o Plano Safra 2022/2023, destinados ao financiamento da produção agropecuária nacional até junho do próximo ano, valor 36% superior ao montante reservado no plano anterior.
Os recursos irão atender desde os pequenos e produtores rurais, por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, até empresas e cooperativas que atuam no setor, com o objetivo de cada vez mais consolidar o agronegócio brasileiro como o principal produtor de alimentos do mundo.
Como novidade, o plano reserva também a possibilidade de obtenção de recursos para o financiamento de recuperação de áreas e de pastagens degradadas, a implantação de sistemas de integração lavoura-pecuária-florestas e a adoção de práticas conservacionistas de uso, manejo e proteção dos recursos naturais.
Também estão reservados montantes para o incentivo à inovação tecnológica à construção e ampliação de armazéns de armazenagem com capacidade de até 6 mil toneladas.
A nova realidade agropecuária brasileira já não admite mais práticas há muito conhecidas, originadas nas oligarquias instituídas ainda na época colonial, onde a exploração das riquezas do campo se valia da mão de obra dos escravos e servia tão-somente para sustentar e perpetuar práticas coronelistas.
Mais do nunca torna-se imprescindível a introdução de novos paradigmas, que priorize a melhoria da qualidade e da produtividade mas, sobretudo, assegurando maior participação e melhores condições de vida aos trabalhadores do campo.
Não há mais como se admitir a reprodução da miséria gerada pela ignorância e ganância de latifundiários e de poucos que se intitulam donos de uma terra que deve e merece ser melhor distribuída.
Os equívocos cometidos pelas políticas de reforma agrária atrasaram o progresso sustentável da atividade. Mais do que apenas ceder terras a quem precisa, torna-se fundamental oferecer a implementação de toda a infraestrutura necessária visando assegurar a criação e manutenção de cadeias produtivas para assegurar o abastecimento interno e, sobretudo, propiciar o atendimento social às comunidades, incluem a construção de escolas, estradas, postos de saúde e de serviços essenciais.
Dedicar maior atenção ao campo é, no atual momento, mais do que um mero ato de benevolência, mas uma prioridade estratégica para o País, especialmente quando se sabe que a produção mundial de alimentos precisa aumentar substancialmente para suprir as necessidades crescentes resultantes das expansões populacionais e déficits motivados pelas alterações climáticas e conflitos armados envolvendo importantes países produtores.
Humberto Challoub é jornalista, diretor de redação do jornal Boqnews e do Grupo Enfoque de Comunicação