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20 DE DEZEMBRO DE 2024

Cenário preocupante

Humberto Challoub

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As projeções do cenário econômico para 2025, divulgadas nesta semana pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, traçaram um quadro preocupante diante das incertezas geradas pela desconfiança de que o Governo Federal, mais uma vez, não conseguirá cumprir as metas fiscais estabelecidas para o próximo exercício.

A previsão tomou como base a visão de que o esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública elevará ainda mais a taxa de juros para o patamar de 14% ao ano, com a projeção de uma inflação acumulada de 4,6%.

A insegurança, motivada pelas incertezas em relação aos comportamentos dos mercados no futuro, resultam na desvalorização da moeda brasileira com a consequente alta do dólar, na retração do consumo e no adiamento dos investimentos de médio e longo prazos, interrompendo assim a execução de projetos estruturantes.

Com isso, adia-se também a aplicação de recursos dirigidos a projetos sociais voltados à melhoria das condições de vida da população, especialmente das famílias mais pobres.

Com medidas incipientes, sem atributo moral para limitar as muitas benesses concedidas à elite do funcionalismo e refém de um Congresso interessado em participar da gastança, o Governo dá motivos e alimenta a descrença em relação a sua capacidade de equilibrar as contas públicas.

O aumento expressivo das despesas tira a capacidade de o País obter superávits primários e, assim, amplia cada vez mais o montante de juros pagos para rolagem de dívidas cada vez maiores.

A necessidade de cada vez obter recursos para a manutenção das administrações revela-se como o principal combustível para impulsionar processos inflacionários, cujas resultantes maléficas são muito conhecidas por várias gerações de brasileiros.

Lamenta-se, portanto, que ao invés de priorizar a destinação de recursos exclusivamente aos projetos sociais e de melhoria da infraestrutura produtiva nacional, o Governo opte por repetir erros conhecidos em passado recente.

O País já não mais necessita de salvadores da pátria ou planos econômicos mirabolantes, mas apenas o uso coerente e austero dos muitos impostos arrecadados da população.

Nesse sentido, torna-se imprescindível exigir das administrações públicas o estabelecimento – e fiel cumprimento – de políticas de austeridade que possibilitem a execução de planos de investimentos de longo prazo, desatrelados do risco de sofrer com as constantes interferências dos processos eleitorais e cartilhas partidárias.

 

Humberto Challoub é jornalista, diretor de redação do jornal Boqnews e do Grupo Enfoque de Comunicação

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