O turismo do Brasil chegou num ponto de inflexão decisivo com a realização da 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30) em Belém (PA).
A escolha de uma capital amazônica para debater o futuro climático global não é apenas simbólica: é profundamente estratégica.
A COP 30 direciona um foco de mídia, diplomático e científico sem precedentes para a região. Para o turismo, isso se traduz em benefícios cruciais.
O primeiro é se tornar uma vitrina global, com milhares de delegados, jornalistas e chefes de estado em contato direto com a cultura e o ecossistema local.
É a chance de demonstrar a capacidade de hospitalidade e a sofisticação dos serviços de ecoturismo brasileiros.
O segundo benefício é como um atestado de sustentabilidade: ao sediar um evento dedicado à preservação, o Brasil reforça sua credibilidade como um destino que leva a sustentabilidade a sério, atraindo o perfil de viajante de alto valor agregado, que prioriza destinos éticos e responsáveis.
Afinal, a Amazônia transcende a definição de recurso natural, ela é um produto turístico de exportação inigualável.
O mercado internacional clama por experiências de imersão autêntica, e a Amazônia oferece isso em abundância: biodiversidade única, patrimônio cultural indígena e ribeirinho, e paisagens monumentais.
Historicamente, o turismo na região enfrentou desafios logísticos e de imagem. Contudo, a COP 30 exigiu uma mudança de mindset: a infraestrutura de apoio ao turismo foi aprimorada não apenas para o evento, mas se tornará um legado permanente que sustentará um fluxo turístico crescente e contínuo no pós-2025.
A APT entende que o investimento em transporte fluvial e aéreo sustentável, bem como na capacitação de guias e operadores locais, é fundamental para transformar a Amazônia em um polo turístico internacionalmente competitivo.
O Ecoturismo Responsável atua como um mecanismo econômico de preservação, gerando receita diretamente ligada à manutenção do status quo ambiental.
Isso acontece com a valorização da floresta: roteiros de observação de fauna, trilhas monitoradas e experiências em comunidades financiam, indiretamente, a vigilância e a proteção das áreas naturais.
Da mesma forma, o envolvimento das populações tradicionais na cadeia de valor do turismo (como guias, fornecedores de artesanato e anfitriões) oferece uma alternativa econômica à exploração predatória de recursos, dando-lhes um incentivo direto para serem os guardiões da floresta.
Não há turismo de natureza sem natureza preservada.
O turismo é a melhor ferramenta de soft power do Brasil para a causa ambiental.
Um destino turístico próspero, baseado na conservação, envia uma mensagem global poderosa: é possível ter crescimento econômico e desenvolvimento social respeitando os limites planetários.
A COP 30 em Belém é uma janela de oportunidade para reescrever a narrativa do turismo brasileiro.
Cabe aos profissionais do setor, em parceria com o governo e a sociedade civil, garantir que o foco mundial na Amazônia se converta em investimentos concretos na infraestrutura sustentável e na capacitação humana.
O futuro do turismo brasileiro é verde!

Eduardo Silveira é presidente da Associação dos Profissionais de Turismo (APT)
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