A necessidade de prolongamento do período de isolamento social como única forma de evitar o colapso dos sistemas de saúde nas principais cidades do País, em razão do avanço descontrolado da pandemia de coronavírus, tem produzido o agravamento da situação econômica em vários setores da indústria, serviços e comércio, com consequências perversas ainda não mensuradas em sua totalidade. As sequelas resultantes da interrupção de diversas atividades já podem ser sentidas, com o fechamento definitivo de estabelecimentos, demissões de funcionários e adiamento indefinido de investimentos em novos negócios.
A imprevisibilidade resultante da falta de conhecimento sobre aos métodos de prevenção e tratamento eficazes para o convívio com a doença tem impossibilitado definir com clareza perspectivas para a retomada dos segmentos econômicos, gerando instabilidade e o temor de que a paralisação possa comprometer definitivamente a recuperação de ramos da economia extremamente fragilizados pela queda acentuada de receitas e sem lastros suficientes para dar continuidade aos negócios.
Ao mesmo tempo em que se reconhece a necessidade premente do isolamento como única forma de evitar o crescimento do número de internações e mortes originadas pelo Covid-19, havemos também que reconhecer a necessidade urgente de adoção de planos organizados para a reabertura das atividades, visto que, caso perdure a indefinição sobre protocolos e datas para o retorno, essa volta se tornará espontânea e inevitável apesar de todos os riscos à saúde e à vida que ela possa oferecer.
Nesse sentido, mais do que nunca torna-se evidente a necessidade de promover e intensificar ações didáticas que visem orientar e educar a população para o convívio social neste período de anormalidade, conjugando métodos de prevenção e normas de conduta adequados a cada tipo de atividade, evitando que o funcionamento camuflado de estabelecimentos se tornem fontes de propagação do coronavírus.
Da mesma forma, a confirmação da liberação pelo Tesouro Nacional do socorro financeiro de R$ 60 bilhões a estados e municípios em decorrência da pandemia do coronavírus pode se constituir em importante instrumento de estímulo de recuperação dos setores mais afetados pelo período de quarentena, especialmente a partir da adoção de políticas de fomento e de financiamento aos pequenos empresários. Mais do que nunca a população espera coerência e a trégua nos atritos políticos entres os mandatários responsáveis em conduzir o País, evitando um mal ainda maior do que se viu até o momento.