Ao reagir publicamente à decisão da Câmara dos Deputados de barrar novo aumento de impostos visando alcançar as metas estabelecidas no arcabouço fiscal definido por seu Governo, o presidente Lula resiste em alcançar o equilíbrio das contas públicas por meio da redução de despesas.
Recorrendo as estratégias utilizadas em seus mandatos anteriores, Lula promove mais um dos seus proselitismos políticos ao insistir que somente será possível manter os programas sociais criados em sua gestão promovendo a falsa ideia maniqueísta da existência de uma luta entre ricos e pobres.
A hipérbole retórica do presidente, nesse momento – apesar de justificada pela intenção de salvaguardar a continuidade dos projetos sociais e estruturais -, tem pouca serventia e, de se certa forma, tenta transferir integralmente à Câmara Federal o ônus que os cortes de despesas orçamentárias poderão propiciar.
Especialmente se os cortes incidirem sobre verbas de custeio, que implicam em redução de gastos com pessoal e insumos à manutenção da máquina administrativa.
Apesar de impopulares, as medidas de contenção de despesas, se associadas à redução dos tributos, irão permitir, no atual estágio da economia brasileira, a redução dos juros e a expansão gradual do consumo interno.
Nesse sentido, ao invés de fazer uso de sua retórica populista na defesa dos programas assistencialistas, o presidente Lula deveria demonstrar maior empenho na geração de políticas dirigidas à criação de frentes de trabalho, principalmente em áreas que não exigem níveis elevados de especialização da mão-de-obra.
Enfatizar, nesse instante, a geração de renda por meio da ocupação de trabalhadores em projetos voltados à melhoria das condições de vida da população, como habitação, saneamento e infraestrutura urbana, é de fundamental importância e, por isso, deve ser estar entre as principais prioridades de qualquer governo.
Da mesma forma, torna-se igualmente relevante a criação de mais estímulos a ações que auxiliem na redução dos custos trabalhistas, para com isso ampliar o número de vagas nos mais diversos segmentos da atividade produtiva.
Propiciar o aumento das oportunidades no mercado de trabalho resultará no fortalecimento da economia e, como resultante, no crescimento da renda interna e na diminuição da distância que separa os poucos ricos dos muitos pobres brasileiros.
Nesse sentido, a manutenção da estabilidade econômica, por meio do equilíbrio fiscal, representa o alicerce para sustentar as bases do desenvolvimento e, por isso, deve ser tratada como prioridade primeira.
Humberto Challoub é jornalista, diretor de redação do jornal Boqnews e do Grupo Enfoque de Comunicação
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