Mais do que nunca a escolha dos futuros prefeitos e vereadores municipais reveste-se de extrema importância.
Os preceitos constitucionais estabelecidos na Carta Magna brasileira, que este ano completa 36 anos em vigência, repassaram aos municípios direitos e responsabilidades que necessitam ser gerenciados por administradores e legisladores competentes e, sobretudo, dispostos a contribuir pela melhoria da qualidade de vida das populações que habitam as cidades.
É sabido que as muitas experiências negativas abstraídas do cenário político ao longo da história recente, com a proliferação de desmandos administrativos e atos de corrupção, geraram descrença e, como consequência, ampliaram sobremaneira o grau de desinteresse dos eleitores.
Da mesma forma, a prática comum da infidelidade partidária e as muitas incoerências presentes nas normas reguladoras da atividade política, especialmente as que estabelecem os critérios de proporcionalidade e representatividade, tornou insignificante o valor atribuído aos princípios ideológicos e programáticos que deveriam orientar as campanhas, estimulando a personificação das candidaturas.
Apesar das imperfeições do sistema vigente – e o conceito pejorativo que forja a atual imagem da política nacional -, ainda é o exercício do voto livre e democrático o principal instrumento de transformação de uma sociedade que busca justiça social e prosperidade para seus cidadãos.
Por isso, seu valor não pode ser diminuido ou desprezado, mesmo que se condene a obrigatoriedade do comparecimento às urnas.
Assim, mais do que o cumprimento de uma obrigação, ao eleitor cabe o comprometimento e a responsabilidade na escolha de seus representantes.
O amadurecimento do regime democrático propiciou valiosa experiência aos eleitores, cada vez menos suscetíveis às propagandas enganosas e cientes de que as melhorias desejadas para as suas cidades não ocorrerão pela força de milagreiros ou pelas mãos dos arautos de idéias fáceis valorizadas em redes sociais e pelos efeitos especiais proporcionados por sofisticadas ferramentas do marketing eleitoral.
Além da presença nas urnas, é de se esperar uma postura mais paticipativa da população nas decisões dos governantes e legisladores, por meio do engajamento nas entidades de classe, conselhos de moradores e organismos civis de representação.
Cobrar transparência no uso dos recursos públicos e, sobretudo, fiscalizar os atos e ações dos mandatários eleitos representam, juntamente com o exercício do voto, a única fórmula realmente capaz de moralizar o atual regime político, tornando-o eficiente na importante tarefa de agir em benefício da população.
A todos, sem exceção, interessa o sucesso dos novos governos e câmaras municipais, uma vez que seus bons resultados serão benéficos ao conjunto da sociedade, especialmente aos que ainda permanecem à sua margem e dependem das administrações públicas para garantir direitos fundamentais para o pleno exercício da cidadania.
Humberto Challoub é jornalista, diretor de redação do jornal Boqnews e do Grupo Enfoque de Comunicação
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