Fortuna incinerada | Boqnews

Opiniões

06 DE AGOSTO DE 2025

Fortuna incinerada

José Renato Nalini

array(1) {
  ["tipo"]=>
  int(27)
}

2025 marca os dez anos do Acordo de Paris, os dez anos da Encíclica “Laudato Si” do Papa ecológico, Francisco Bergoglio, mais a COP30 na Amazônia.

Só que o Brasil não tem muita coisa bonita para mostrar.

A devastação da floresta, que gera o efeito-estufa, em lugar de arrefecer ou de cessar, só aumentou.

O círculo vicioso de temperaturas elevadas, estiagens oriundas da mudança climática aumentam a destruição.

A plataforma Global Forest Watch – GFW, divulgou que em 024 o planeta perdeu mais de trinta milhões de hectares de cobertura arbórea, cinco por cento a mais do que em 2023.

Os incêndios emitiram 4,3 gigatoneladas de gases do efeito estufa, quatro vezes mais do que as viagens aéreas em 202.

O Brasil registrou uma alta de 154% de incêndios em 2024.

Com os quase três milhões de hectares, o Brasil possui quase metade da área total destruída nas regiões tropicais do planeta, comparando-se 2024 com 2023, em que a destruição foi de pouco mais de um milhão de hectares.

É ridículo afirmar-se que o desmatamento ilegal poderá cessar em 2030.

Essa leniência estatal, essa inércia e esse conformismo estão acabando com o maior patrimônio brasileiro, que é sua cobertura vegetal.

Isso significa a fabricação muito célere de um novo deserto: o deserto amazônico.

Em lugar de sequestrar carbono, a redução da umidade do solo causará o estresse que abreviará essa temível e terrível tragédia.

Mais de um terço da chuva que cai sobre a Amazônia é produzida pela própria floresta.

Ela resulta da evapotranspiração, o fenômeno pelo qual moléculas de água liberadas pelas folhas, voltam para a atmosfera.

Estamos condenando à morte essa imensa caixa d’água, essa monumental bomba hidráulica do clima planetário.

O cataclismo que Marcelo Leite enxerga como chegando em câmera lenta (“Amazônia sobreviveria à crise do clima?”) parece ganhar velocidade, como na lei da física: uniformemente acelerada.

E assim destruímos nosso patrimônio, mesmo sem antes de conhecê-lo integralmente e de recuperar nossa economia capenga, servindo-nos daquilo que nos foi ofertado gratuitamente.

E, talvez por isso, tão desprezado pelo ingrato bicho-homem que aqui aportou.

 

José Renato Nalini é reitor da Uniregistral, docente da pós-graduação da Uninove e secretário-executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Notícias relacionadas

ENFOQUE JORNAL E EDITORA © TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

desenvolvido por:
Este site usa cookies para personalizar conteúdo e analisar o tráfego do site. Conheça a nossa Política de Cookies.