Gaita escocesa | Boqnews

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06 DE OUTUBRO DE 2025

Gaita escocesa

Adilson Luiz Gonçalves

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A gaita escocesa ou gaita de fole surgiu na Escócia por volta de 1400 D.C.

Esse tipo de instrumento teve suas origens no Oriente Médio e se espalhou pelo mundo, em várias derivações que ainda hoje são encontradas em várias culturas e países.

Dos instrumentos exóticos, conheci o harmonium ao assistir a uma apresentação do músico paquistanês Nusrat Fateh Ali Khan e seu grupo, numa apresentação transmitida pela TV Cultura.

A gaita de fole irlandesa pode ser vista e ouvida nas apresentações do grupo Celtic Woman e nos espetáculos de sapateado do grupo irlandês Riverdance.

Porém, creio que muitos a conhecem pelo filme Titanic (1997), embalando a animada dança de Rose (Kate Winslet) e Jack (Leonardo DiCaprio) na terceira classe, regada a cerveja preta.

Assim como a gaita de fole irlandesa e o sapateado são referências nacionais da Irlanda, a gaita escocesa também o é, em seu país de origem.

Consta que a atual “great highland bagpipe” ou pìob-mhòr, no idioma gaélico, surgiu no século 17, já associada à identidade nacional e militar da Escócia, tão tradicional quanto o “kilt”.

Seu uso chegou a ser punido com a morte, considerado uma afronta ao domínio inglês.

Esse aspecto militar de seu uso ainda é encontrado atualmente fora do Reino Unido, ao qual a Escócia ainda está vinculada.

Forças policiais dos EUA e Canadá as tocam. No Brasil, são emblemáticas da Banda do Corpo de Fuzileiros Navais.

Em 2001, a Cultura Inglesa havia inaugurado suas novas instalações em Santos.

Eu caminhava em direção à universidade onde lecionava, quando fui surpreendido por um gaiteiro que, devidamente paramentado à moda escocesa, postou-se frente à nova sede e passou a tocar.

Todos os pedestres pararam para ouvir.

Ouvir “Amazing Grace” ao som de gaitas escocesas, como André Rieu costuma fazer em suas apresentações, sobretudo quando precedida da entrada triunfal de gaiteiros no recinto do espetáculo, ao som de “Scotland the Brave”, eleva o espírito a um nível transcendental.

Paul McCartney as usou em “Mull of Kintyre”.

Mais recentemente, fui surpreendido por um vídeo de 1976, em que o saudoso Bon Scott, do AC/DC, toca gaita de foles em “Long Way To The Top If You Want To Rock & Roll” com tal vigor que a vontade é de sair pulando como quem participa da gravação. O cara era bom!

Para tocar gaita escocesa, não é preciso ter o fôlego de um trompetista, basta controlá-lo, evitando que a bolsa esvazie.

Bem tocada, ela pode levar das lágrimas ao êxtase dançante.

Sendo das terras altas, faz sentido seu som ser algo próximo do céu.

 

 

Adilson Luiz Gonçalves é escritor, engenheiro, pesquisador universitário e membro da Academia Santista de Letras

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