Faltando menos de um ano para a realização do maior evento esportivo do planeta, os Jogos Olímpicos de 2016, a cidade do Rio de Janeiro teve mais uma vez sua imagem deteriorada pela ocorrência indiscriminada de crimes, vitimando sobretudo moradores e turistas estrangeiros. Os atos de vandalismo e roubos promovidos por grupos de jovens, denominados de “arrastões”, voltaram a ganhar destaque na mídia internacional, suscitando a desconfiança na capacidade brasileira de cumprir a contento todas as etapas necessárias para realizar um evento de tamanha dimensão. Especialmente em se tratando de um País que enfrenta uma crise econômica e ainda tem por obrigação priorizar recursos no atendimento de enormes demandas sociais.
Há muito se sabe que, mais do que a construção de estádios e a implementação das infraestruturas de logística e transporte, a realização de uma olimpíada impõe um planejamento na formação e mobilização de novas gerações de brasileiros, supostamente capazes de demonstrar ao mundo soluções de sucesso para a obtenção de dividendos futuros. Um objetivo, convenhamos, muito difícil de ser conquistado diante das cenas de selvageria que periodicamente se repetem no Rio de Janeiro e em muitas outras cidades brasileiras.
Nesse sentido, é de se lamentar que um esforço de tal magnitude seja direcionado apenas ao cumprimento de metas superficiais, desprezando o legado de prosperidade que uma olimpíada é capaz de deixar às nações que a realizam, especialmente com o incentivo às práticas esportivas associadas à educação.
É possível constatar que, na mesma medida em que se intensificaram as ações policiais em áreas dominadas por quadrilhas que comandam o tráfico de drogas nos grandes centros urbanos, principalmente nos conjuntos de favelas localizados nos morros do Rio de Janeiro, cresceu o nível de sofisticação e audácia da criminalidade. Fortalecidos pela negligência das administrações públicas e a complacência das leis vigentes, especialmente no que diz respeito ao trato com menores, o crime chega a debochar do poder de polícia, controla expedientes de comércio e até horários de funcionamento de unidades educacionais.
Tamanho grau de organização e nível de ingerência na vida das comunidades impõe, no atual momento, muito mais do que ações policiais isoladas, método que se mostra como mero paliativo diante da dimensão que o problema já alcançou. O momento requer a união de esforços nas esferas municipais, estaduais e Federal, a fim de reprimir a banalização dos atos de selvageria e, ao mesmo tempo, promover as ações sociais com o objetivo de oferecer perspectivas de futuro aos jovens, fazendo assim valer todo o esforço para a realização dos jogos olímpicos no País.
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