O título deste texto é “Lições da Vida”, para que não se confunda com “Lições de Vida”, pois cada um tem as suas, e nem sempre elas podem servir de exemplo para outros.
Ao longo da vida, já tive situações em que corri risco de vida, por minha culpa ou pelo imponderável. A existência é imprevisível e efêmera por natureza.
Essas situações não me tornaram melhor ou pior do que ninguém, tampouco uma referência a ser considerada. Acreditar nisso seria soberba, semelhante à de quem acredita e prega ter uma “missão” no mundo a ser admirada e seguida.
O enfrentamento das batalhas que tive dependeu – e dependerá – do apoio de quem amo, das preces de amigos, da fé em Deus, da competência de médicos e equipes de enfermagem, de uma razoável disciplina e de muita teimosia.
Nessa “conta” estão um câncer e duas metástases, quimioterapias agressivas e cirurgias complexas, permeadas por incertezas.
Porém, para “distrair”, tive quem me entulhasse de trabalhos e desafios durante as convalescenças, afirmando, a sorrir, que estava fazendo isso pelo meu bem.
E estava, pois não há nada pior do que viver em função de doença, condição psicológica que só tende a agravar a situação clínica.
Tudo isso tem sido uma experiência pessoal e intransferível, que pode ser contada, mas nunca considerada uma fórmula ou método reprodutível em publicações de autoajuda.
Creio que pessoas que se colocam ou são colocadas como exemplos de vida, até de heroísmo, podem inconscientemente prejudicar mais do que ajudar quem esteja em situações análogas. Pode ser má “terapia”, inclusive.
Nesse processo, aprendi algumas lições pessoais, como: tentar evitar pessoas negativas e situações estressantes; me importar menos com o que pensam de mim, à la Nelson Piquet; buscar prazer no que faço; e a manter a mente ocupada e motivada com coisas interessantes. Amar incondicionalmente já era conhecimento adquirido.
A vida me tornou mais comedido e atento, o que me propiciou novos horizontes de pensamento e entendimento da vida e da fé, o que evita ou ajuda a administrar momentos de incerteza.
Tive que abandonar alguns prazeres, mas descobri novos e tornei outros ainda mais prazerosos.
Uma caminhada, uma boa companhia, uma comida mais saudável, sem radicalismos ideológicos; e falar e escrever o que penso, mesmo que contrarie o status quo.
A vida nos dá lições, e cabe a cada um tirar o melhor proveito delas.
No entanto, creio que, se há alguma lição universal, é a de que precisamos viver cada segundo da vida com amor, afã e metas, buscando em nós mesmos a fé, a motivação e a força para enfrentar o que vier.
Sei que isso nem sempre é fácil, mas faz parte do aprendizado de viver, que nunca termina enquanto há vida.
Adilson Luiz Gonçalves é escritor, engenheiro, pesquisador universitário e membro da Academia Santista de Letras
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