Consolidada com o lançamento de ações na Bolsa de Nova Iorque, a privatização da Sabesp surge como mais uma iniciativa para acelerar investimentos na área de saneamento básico.
Negligenciados durante décadas pelas administrações públicas, o Brasil ainda priva mais da metade de sua população do acesso às redes convencionais de fornecimento de água e coleta de esgoto.
Mais do que representar uma deficiência estrutural, a precariedade nessa área está diretamente associada aos indicadores de doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado, que resultam em doenças e óbitos que poderiam ser evitados, aumentando assim as demandas por internações hospitalares e, com isso, sobrecarregando ainda mais o saturado sistema público de saúde.
Nesse sentido, o modelo de privatização da empresa de saneamento paulista pode servir como exemplo a ser adotado em outras localidades, caso sejam cumpridas as metas estabelecidas para expansão do atendimento à população.
Há muito se sabe que os investimentos em infraestrutura sanitária realizados até aqui pelas administrações públicas e os planos de financiamentos habitacionais oferecidos às famílias de baixa renda são considerados modestos demais diante das imensas necessidades reveladas pelos muitos levantamentos estatísticos oficiais realizados até aqui para avaliar os níveis de qualidade de vida dos brasileiros.
O descaso das autoridades públicas em relação a essa problemática conduziu a consequências desastrosas, geradas pela total ausência de planejamento adequado e pelos processos contínuos de expansão urbana desordenados.
Pelo que se pode constatar, o adensamento das cidades resultou na acelerada e incontrolável ocupação de regiões de risco; em invasões de áreas imprescindíveis à preservação ambiental e, sobretudo, no estabelecimento de núcleos de pobreza extrema. Sabe-se agora que corrigir erros do passado não será tarefa fácil, porém é um dever que não pode ser mais negligenciado.
Enfatizar a geração de renda por meio da ocupação de trabalhadores em projetos voltados à melhoria das condições de vida da população, como habitação, saneamento e infraestrutura urbana é de fundamental importância e, por isso, deve estar entre as principais prioridades dos atuais governos, com a criação de frentes de trabalho, principalmente em segmentos que não exigem níveis elevados de especialização da mão de obra.
É mais do que hora de ser adotar um novo modelo de desenvolvimento econômico e social para o Brasil que, sem dúvida, passa pela universalização do saneamento básico.
Humberto Challoub é jornalista, diretor de redação do jornal Boqnews e do Grupo Enfoque de Comunicação
Deixe um comentário