A inclusão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes na Lei Magnitsky, norma dos Estados Unidos que permite a sanção de indivíduos e entidades autoras de atos de corrupção e violações de direitos humanos, ou coniventes com eles, representa mais um obstáculo para o restabelecimento das relações amigáveis entre o Brasil e a nação norte-americana.
A medida, que se soma às decisões retaliatórias contra ministros do STF que tiveram os vistos suspensos para ingresso naquele país, surge como mais um fator dificultador para a reversão do tarifaço de 50% aos produtos brasileiros que passa a vigorar a partir de agora.
Apesar de questionáveis pela ótica de se tratarem como supostas invasões da soberania nacional, havemos de ter a humildade de reconhecer que a condução do processo que apura responsabilidades dos atos de 8 de janeiro é permeada por contradições e mirou políticos da oposição, jornalistas, empresas de comunicação e plataformas de redes sociais americanas, com a banalização do uso de detenções preventivas, penalizações exageradas e a supressão da liberdade de expressão com a adoção de medidas de censura prévia.
Da mesma forma, o desinteresse no estabelecimento de boas relações diplomáticas com um antigo parceiro, o alinhamento com regimes ditatorias e o histórico de agressões verbais gratuitas do presidente Lula contra o chefe do executivo norte-americano, Donald Trump, também são fatores que dificultam sobremaneira a criação de canais de comunicação para a construção de bases para o entendimento.
Ao mesmo tempo em que se deve questionar os excessos da ingerência norte-americana sobre as instituições nacionais, torna-se necessário ter a humildade de reconhecer e rever os exageros e medidas contraditórias adotadas pelas autoridades judiciárias brasileiras.
Não se trata de isentar culpados, mas impor medidas justas embasadas em princípios constitucionais consagrados e isentas da contaminação política favorável ou contrária a grupos específicos ou correntes ideológicas.
Em nada interessa ao País aprofundar uma crise diplomática que só trará prejuízos, especialmente aos setores cujas atividades são direcionadas ao fornecimento de produtos ao mercado norte-americano.
Ao Congresso Nacional cabe, nesse momento, servir de agente de intermediação visando corrigir distorções e exageros cometidos, por meio do diálogo entre as partes envolvidas e com a adoção de medidas que redirecionem o País para um ambiente democrático saudável.
Sem isso, todos pagarão o preço pela arrogância dos que não sabem reconhecer erros.
Humberto Challoub é jornalista, diretor de redação do jornal Boqnews e do Grupo Enfoque de Comunicação
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