O greenwashing é uma doença que acomete o pretenso ambientalismo e que pode contaminar a agenda ESG.
Ou seja: empresas que propalam sua adesão à fórmula de sustentabilidade, são pegas em flagrante e acusadas de más práticas.
Isso é muito comum. Mostra que entre a promessa e o cumprimento dela, podem existir muitos furos.
Uma coisa é se prontificar à inclusão em favor da natureza.
Outra é honrar esse compromisso, o que dá muito trabalho e talvez até proporcione gastos não previstos.
Agora mesmo, uma grande empresa de alimentos é acusada de patrocinar desmatamento legal por ação de parte de seus fornecedores.
Ela admite que nos quase setenta casos de desmate, identificou 69% deles e tomou providências.
Faltam 30%, sobre os quais ela se limita a negar envolvimento.
A apuração do devastamento foi feita de forma científica e confiável.
Alertas confirmados por sinais de imagens de satélites.
Mediante cruzamento dos dados com os CARs – Cadastros Ambientais Rurais, é possível detectar as partes pertencentes a reserva legal ou a demarcação indígena.
Em muitas das apurações, verificou-se que o gado sai de uma fazenda em que a pecuária é irregular, ou seja, ilícita, até criminosa e vai diretamente para o frigorífico da empresa.
Ora, sabe-se o quão fácil é fugir às malhas da lei quando se tem um corpo jurídico talentoso, hábil em manobrar o labiríntico desafio de uma normatividade prolixa e de um sistema Justiça caótico, burocrático, lento e ineficaz.
Mais importante do que negar ligação com a delinquência, seria essa empresa provar a sua profissão ecológica e formar áreas de reflorestamento.
O que ela tem feito para repor as árvores ceifadas da floresta, que – apenas no Brasil – superam um bilhão?
Não adianta protestar, quando permanece a dúvida – senão a certeza – de um comportamento hipócrita.
Alinha-se ao lado da sustentabilidade e pratica-se aquilo que é justamente a causa do agravamento da ameaça que recai sobre a humanidade?
Precipitar a chegada do caos, com os eventos extremos e surpreendentes, que no nosso país têm causa direta com a destruição da floresta?
Negar é insuficiente.
Melhor seria comprovar proatividade.
Quantos milhões de hectares têm sido replantados por empresa cujo vínculo com os dendroclastas parece tão provável?
José Renato Nalini é diretor-geral da Uniregistral, docente da Pós-graduação da Uninove e secretário-geral da Academia Paulista de Letras.
Deixe um comentário