A quantidade de penduricalhos criados pelos governantes ao longo dos anos e incorporados por uma pequena parcela de servidores santistas tem peso expressivo na folha salarial. Em fevereiro, a diferença paga entre o salário base (R$ 32,4 milhões) e o bruto (R$ 68,9 milhões) chegou a impressionantes 112,8%.
Penduricalhos II
Engana-se quem pensa que isso ocorreu apenas em razão do pagamento do PDR – Participação Direta nos Resultados. Em janeiro, a relação foi de 120%, pouco menor do que o mesmo mês do ano passado (122,8%). Em julho de 2015 (conforme o Portal da Transparência da Prefeitura), a relação era de 86%. Um ano depois, 92%. Crescimento, portanto, preocupante e na contramão da alegada queda na arrecadação.
Amigos do rei e a plebe
Fica claro, portanto, que o festival de benefícios garantidos em lei para um seleto grupo de servidores está afetando diretamente a propalada falta de recursos para o aumento salarial. Na relação entre fevereiro de 2016 com fevereiro último, o salário bruto cresceu 17,6%, o líquido, 22,5% e o salário-base (valor real do piso do servidor, sem qualquer benefício), meros 0,7%. Portanto, dentro do governo existem os amigos do rei (ressalte-se que tal situação também ocorreu nos outros governos municipais) e a plebe.
Amigos do rei e a plebe II
Exemplos não faltam para ilustrar. O gabinete do prefeito tem 28 oficiais de administração – a maior categoria entre os servidores. A diferença salarial entre eles chega a 730%. Enquanto um recebe bruto R$ 17.936,00 por ter acumulado décimo de chefia (R$ 9.010,65), seu colega convive com um salário de R$ 2.158,96.
Amigos do rei e a plebe III
Outro exemplo: cinco assessores técnicos I do Gabinete do Prefeito abocanham R$ 82.522,48; dois engenheiros, R$ 34.205,75; dois arquitetos, R$ 45.045,93 e três agentes administrativos, R$ 28.286,75. Falando em arquiteto, dois profissionais, que foram secretários municipais recentemente, recebem R$ 24.382,94 e R$ 22.603,17, respectivamente. E este benefício será eterno, pois a incorporação permanecerá até a aposentadoria e pensão.
Outro lado da moeda
Mas a realidade é bem diferente para a imensa maioria dos servidores. A média salarial dos 291 inspetores de alunos é de R$ 2.978,58 e dos 142 auxiliares de controle de vetor, R$ 1.870,34, por exemplo. Todos, sem exceção, têm seu papel importante para tocar o funcionamento dos serviços públicos na Cidade, só que impressiona tais extremos salariais.
No castelo
Se compararmos, porém, os salários dos servidores do Executivo com o Legislativo, a distância é ainda maior. Um contador, por exemplo, da Câmara recebeu brutos em fevereiro R$ 24.762,45, enquanto a média salarial dos 12 contadores da Prefeitura chegou a R$ 5.053,69, já incluso o PDR pago pela Administração no mês passado.
Queijo podre
Mais que justa a atitude da população de São Vicente que protestou contra a criação de mais 15 cargos de assessores, com salários superiores a R$ 9 mil, bem acima aos dos próprios edis, algo que, no mínimo, cheira queijo podre.
Dinheiro tecnológico
Com apenas três colaboradores (um presidente e dois diretores), todos em cargo de comissão, a Fundação Parque Tecnológico, cujo trabalho anda a passos de tartaruga, arrecadou no ano passado R$ 892 mil, sendo R$ 761 mil repassados pela Prefeitura. Só com o pagamento dos seus diretores e obrigações patronais foram gastos R$ 753 mil (84,5% do total), dinheiro que poderia ser revertido em projetos e empregos para jovens talentos.
Quem responde?
Será…
que se a eleição ocorresse hoje, alguns prefeitos seriam eleitos ou reeleitos?
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