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Opiniões

31 DE OUTUBRO DE 2024

Por onde andam nossas almas?

José Renato Nalini 

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O insumo gratuito de que todos somos providos, mas ao qual não emprestamos o devido valor, chama-se tempo.

Ele é escasso, na sua versão individual. Desperdiçamo-lo, pensando que é infinito.

Sua vocação é mesmo a infinitude. Mas para nós, ele reserva algumas décadas. Não mais.

E nossos dias dão consumidos em rotina que não permite pensar nisso.

Há tarefas a cumprir, compromissos a honrar. Mal se inicia uma semana e logo se está na sexta-feira.

Os idosos, costumamos dizer: alguns minutos são longos.

Como aqueles em que passamos num consultório médico ou nos submetendo a um tratamento dentário.

Mas os anos passam voando.

Esquecemo-nos de que também nós somos finitos.

Mal nascemos, começamos a contagem decrescente para a morte.

Implacável, essa ocorrência tão democrática: não poupa ninguém.

O dia-a-dia engole as horas e faz relegar o mais importante.

A edificação e o aprimoramento do nosso caráter.

“O caráter não é herdado. A pessoa o desenvolve diariamente, conforme pensa e age, pensamento por pensamento ato por ato”, dizia a escritora Helen Gahagan Douglas (1900-1980).

Algo já afirmado por Aristóteles, ao ensinar que virtude é prática e não dom. Se todos os dias fazemos algo de bom, sem perceber nos tornamos virtuosos.

Às vezes cuidamos do corpo. Raramente nos preocupamos com a alma.

Ela é essencial, pois nos governa. Sem alma, somos autômatos, marionetes movidos pelas circunstâncias.

Por onde anda nossa alma? Ela é o que garante nossa coerência, ela mantém a funcionar nossa consciência, cujo tribunal é muito peculiar.

Se estiver em ordem, é muito mais severo do que o Judiciário.

Nossa alma nos impõe o dever de cuidar também do nosso irmão, sem poder responder como Caim: “Por acaso sou guardião do meu irmão?”.

Quando não nos sentimos responsáveis pela exclusão, pela miséria, pelo abandono, assumimos a nossa parte nessa espécie de homicídio homeopático.

Façamos nosso exame de consciência diário e, mais do que isso, nosso exercício para robustecer as virtudes d’alma.

Delas necessitamos para justificar a nossa passagem pela Terra.

Se nada for melhor depois deste nosso estágio, de que valeu termos chegado e aqui permanecido?

 

José Renato Nalini é Reitor da Uniregistral, docente da pós-graduação da Uninove e secretário-executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.

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