São Paulo foi o primeiro município brasileiro a ter uma Secretaria de Mudanças Climáticas.
Sensibilidade do Prefeito Ricardo Nunes, que previu o agravamento das emergências geradas por uma conduta irresponsável de grande parte da humanidade, nos anos recentes de sua História.
Pois os demais prefeitos deveriam seguir o exemplo do Alcaide paulistano e criar suas Secretarias.
Mas para valer, não apenas para estar bem na foto.
E uma das coisas que podem ser feitas é a elaboração de um Atlas Climático.
Isso já é levado a sério em âmbito global, pela conjugação de esforços de duas entidades internacionais: a UCCI – União das Cidades Capitais Iberoamericanas e ICLEI – Governos Locais por Sustentabilidade.
Durante a recente COP29, participei de um debate em que as duas organizações, comprometidas em levar a voz dos governos locais ibero-americanos ao centro das decisões globais, resolveram falar do IberAtlas: um Atlas Climático Urbano da Iberoamérica.
A nossa região é especialmente vulnerável à mudança climática devido à sua diversidade geográfica, que possui vastas áreas costeiras, bosques tropicais, planícies áridas e regiões montanhosas.
Esta complexidade territorial, conjugada com a grande concentração de população em áreas urbanas, aumenta a exposição a riscos associados a eventos extremos como secas prolongadas, inundações, ondas de calor e intensificação de tormentas.
Nesse contexto, o aumento das temperaturas é uma das maiores ameaças para o bem-estar da população e as gerações futuras das cidades.
O uso desigual do solo entre zonas urbanas e rurais, combinados com a mudança climática global, exacerbam os efeitos das ilhas de calor e o aquecimento urbano.
O IberAtlas é uma iniciativa estratégica que recompila dados críticos sobre ilhas de calor e o aquecimento urbano em grandes cidades. Mas isso há de ser feito em todas as cidades.
É importante que o alunado de todas as escolas locais sejam alertados e que aprendam a tomar as cautelas necessárias para evitar mortes e doenças.
Principalmente o calor, o assassino silencioso.
O calor não aparece no assento de óbito como “causa mortis”, mas, remotamente, foi ele quem ensejou colapsos, AVCs, enfartos, embolias e outras emboscadas que o mau uso da terra traz aos humanos.
Principalmente àqueles para os quais a ciência e a medicina trouxeram esperança de vida longa, que poderá ser interrompida face à insidiosa crescentemente elevada temperatura da Terra.
Prefeitos em primeiro lugar: ajam enquanto é tempo.
José Renato Nalini é secretário de Mudanças Climáticas da cidade de São Paulo, desembargador aposentado, reitor da Uniregistral, palestrante e conferencista
Deixe um comentário