A comunicação de massa tem ganho cada vez mais importância na sociedade digital e no Brasil não seria diferente.
No entanto, em nossos dias, é preciso muito mais atenção no conteúdo divulgado por todas mídias, sejam elas da imprensa tradicional ou das Redes Sociais.
O ex-presidente da Câmara dos Deputados e ministro da Indústria e Comércio, Ulisses Guimarães, dizia que “a verdade não tem proprietário exclusivo e infalível”.
Foi ele quem também alertou os cidadãos brasileiros para uma máxima perversa: “na política, o que importa é a versão, não o fato”.
Há muito tempo a informação e desinformação têm se confrontado em batalhas homéricas pela história, basta lembrar o aforismo do ministro da propaganda do Hitlerismo, Joseph Goebbels, que declarou: ”uma mentira contada mil vezes, torna-se uma verdade”.
Em consequência disso não acredite devotadamente em matérias que circulam sobre redução da pobreza e da extrema pobreza.
A verdade é que o Brasil, oitava economia do mundo, continua com 33% da população vivendo abaixo da linha de pobreza, ou seja, vivendo com menos de R$ 665,00/mês (pobreza – 27,7%) e R$209,00/mês na extrema pobreza (4,8% da população).
Então, devemos comemorar, o quê? A fome?
Se olharmos o desastre comemorado por um grupo, temos, por região, o Nordeste com 47,2% da população, vivendo na pobreza e 9,1% na extrema pobreza; e o Norte apresenta 38,5% na pobreza e 6% na extrema pobreza. Pergunto é possível comemorar?
O pior desse quadro é que a pobreza corresponde a um terço da população brasileira sustentada não pela atividade econômica, mas pelas esmolas temporárias do Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada (BPC), que o governo está estudando limitar reajustes e restringir o acesso.
Para complementar esse panorama desalentador, 21,2% dos jovens entre 15 anos e 29 anos nem estudam, nem trabalham.
A geração ficou reconhecida jocosamente por aqui como ‘Nem Nem’.
Na educação, não há ainda razão para ter muito otimismo mesmo que a toda hora seja repetida aquela frase entre os políticos: ”sem educação, não há salvação”.
Fica a dúvida então por que nos últimos 20 anos, a salvação ainda não veio? Uma matéria publicada na semana passada em um grande diário revelou uma avaliação de desempenho em Matemática no 4º ano do ensino fundamental.
O Brasil aparece na desonrosa 55ª posição com suas crianças não dominando sequer a aritmética, ou seja, divisão e multiplicação.
Informações apropriadas também existem.
Diversos estudos recentes indicam que a instabilidade política e os desencontros dos pronunciamentos da cúpula do governo brasileiro, em especial sobre austeridade fiscal e iniciativas constantes no aumento sobre tributação na venda, renda e capital, têm desestimulado investidores e reduzido os valores dos ativos no mercado de capital brasileiro.
Há grandes diferenças no retorno do capital investido, além do que, os gastos continuam numa situação irresponsável, porque o governo federal não entende que é preciso cortar custos/gastos.
Esses mesmos estudos expõem ainda que a verdade dos números atesta que não se pode postergar mais os cortes substanciais nas despesas públicas, que contemplam preocupantes privilégios, corrupção e impunidade.
A taxa cambial comprova também que o governo deveria acabar com discursos desencontrados, porque a variação cambial neste ano já chegou em 17,00%, diante de uma inflação de 4,75%.
Tudo sugere que as ações desencontradas do governo estão destruindo o mercado de capitais no Brasil com seu comportamento.
Tem desvalorizado os ativos das nossas empresas precificadas a valores baixíssimos.
A rentabilidade no Ibovespa no ano é negativa (-6,34%), enquanto as bolsas norte-americanas vêm apresentando resultados maravilhosos (19,16% Dow Jones; 26,48% S&P; e 26,25% Nasdaq). No acumulado dos últimos quatro anos e 11 meses, a média Ibovespa foi de 1,71% aa, para um IPCA médio de 6,03 % e uma desvalorização cambial média de 9,62 %.
Com desvalorização cambial igual a 59% acima da variação do IPCA, os insumos importados e as importações de máquinas e equipamentos vão travar a modernização das indústrias e em consequência a já combalida produtividade de nossa indústria.
Diante desses números estarrecedores existe ainda muita gente, com competência e não analfabeta, aplaudindo e dando respaldo ao atual governo.
É desanimador, mas à frente a conta inevitavelmente chegará a todos nós.
Não sou um pessimista, porém identifico o mal que há no ufanismo e nas narrativas da atual gestão.
O que então fazer? Aguardar, democraticamente as próximas eleições gerais.
Precisamos contrariar desta forma Goebbels e adotar a verdade para que a geração atual de líderes deixe um legado melhor paras nossas crianças e jovens.
O importante é que nos afastemos dessa imobilidade, morosidade ou letargia e avancemos verdadeiramente num ciclo virtuoso real e concreto.
Definitivamente precisamos mudar para obtermos mais eficiência, com menos discursos e mais ações concretas a fim de que as tarefas sejam concretamente executadas, com o mínimo de erros e alcançar mais produtividade e melhor rentabilização de recursos.
Portanto, entre Goebbels e Albert Einstein, fico com Einstein, quando ‘sentenciou’: ”Estupidez é fazer a mesma coisa sempre e esperar resultados diferentes”.
Samuel Hanan é engenheiro industrial, empresário e foi vice-governador do Amazonas (1999-2002). É autor dos livros “Brasil, um país à deriva” e “Caminhos para um país sem rumo”. Site: https://samuelhanan.com.br
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