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Opiniões

16 DE JUNHO DE 2021

Qualificar para desenvolver

Por: Humberto Challoub

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Apesar de ainda modestos, os sinais de recuperação da economia brasileira já se fazem visíveis e indicam que, a medida em que os efeitos perversos da pandemia forem sendo mitigados, há boas perspectivas de crescimento para vários setores da cadeia produtiva, com a consequente ampliação da oferta de empregos. Confirmadas as estimativas favoráveis, a escassez de mão de obra qualificada passa a ser um dos principais obstáculos a serem superados, um entrave para o País dar sequência ao ritmo de desenvolvimento almejado.

Os desafios impostos para evitar os prejuízos causados pelo que já vem sendo chamado de “apagão da mão de obra” são imensos, especialmente quando se sabe da necessidade de expansão do setores industrial, de tecnologia e à realização de grandes obras, públicas e privadas, o que remete à estimativa de que o Brasil precise formar, nos próximos cinco anos, mais 15 milhões de profissionais qualificados para atender a contento a toda essa demanda.

A negligência com as políticas de educação pública, fruto do desinteresse irresponsável de governos seguidos, condenou – e ainda condena – o trabalhador brasileiro à desqualificação. Setores como metalurgia, construção civil e saúde já encontram dificuldades de contratar profissionais em quantidade suficiente para atender suas necessidades, uma tendência que agora começa a afetar outros segmentos importantes, como os ligados às áreas de turismo, indústrias naval e de petróleo e gás.

As razões para essa dicotomia há muito estão evidenciadas pela deficiência latente do sistema de educação brasileiro, que hoje revela uma face ainda mais preocupante: a dificuldade aos sistemas virtuais pelas populações mais pobres e a ausência de professores com competência e disposição para forjar gerações melhor preparadas às exigências atuais e futuras. Diversos indicadores não deixam dúvidas de que décadas de políticas educacionais inconsistentes, salários baixos e relatos de condições de trabalho inadequadas afastaram da carreira docente a maioria das pessoas com os melhores desempenhos enquanto estudantes.

A tarefa de preparar a mão de obra necessária para alavancar o desenvolvimento brasileiro passa obrigatoriamente pela valorização do ensino básico e profissionalizante, este último muitas vezes ainda considerado uma atividade menor. Para tanto, mais do que nunca, há necessidade priorizar o setor educacional, com a valorização salarial – para torná-lo atrativo – e a realização de investimentos contínuos na capacitação dos professores. Sem isso, dificilmente será possível formar novas gerações de profissionais capazes de ocupar, com eficiência e responsabilidade, as vagas a serem oferecidas.

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