Quem inventou o trabalho? | Boqnews
Foto: Beto Iafullo

Opiniões

04 DE JANEIRO DE 2022

Quem inventou o trabalho?

Por: Da Redação

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Essa é a pergunta que faz toda criança ao ver seus pais saírem pela manhã e retornarem para casa no final da tarde.

Mas nem sempre foi assim. Nossos ancestrais trabalhavam por demanda. Tipo, estou com fome, vou procurar algo para comer.

A geladeira de hoje era o próprio ambiente, que nos oferecia frutos, raízes, vegetais, tubérculos, e até carne de restos de carcaça de animais abatidos por grandes predadores. Pode ser assustador para os dias de hoje, mas já fomos carniceiros. Coisa de mais de 100 mil anos atrás.

O tempo foi passando, passando… aprendemos a caçar, domesticamos os animais, dominamos a agricultura, e, em função disso, nos fixamos no terreno e fomos desenvolvendo um cem número de técnicas de produção, armazenamento e distribuição de coisas e alimentos, até chegarmos ao “amazon.com” e não sairmos de casa nem para comprar a tal geladeira que nos provém os alimentos.

Há pouco mais de 250 anos, teve início na Inglaterra a chamada Revolução Industrial, que se espalhou pelo mundo. O surgimento da produção industrial em série trouxe grandes transformações na economia e no estilo de vida da humanidade, sendo responsável pela aceleração no processo produtivo e nas relações de trabalho.

Os trabalhadores recebiam salários baixíssimos e eram obrigados a se submeterem a uma longa jornada de trabalho, invariavelmente de 16 horas com apenas 30 minutos de pausa para o almoço.

O tempo passou, os trabalhadores se organizaram, e fizeram grandes conquistas, como a jornada de 8 horas, descanso semanal, férias remuneradas, aviso prévio e tantas outras.

Passados dois séculos, estamos enfrentando uma nova revolução, digital, da indústria 4.0, que nos leva à completa descentralização de controle dos processos produtivos, pela disseminação de dispositivos inteligentes.

Com o avanço da inteligência artificial, robótica, nuvem e internet das coisas, este se tornou o caminho natural para aumentar a competitividade e a produção, com grande impacto em nosso estilo de vida e no mundo do trabalho. Não saímos mais para caçar como antigamente, caçamos com a ponta dos dedos no teclado.

Surge o trabalho remoto e a flexibilização da jornada. Muitas vezes, o trabalhador fica disponível 24h por dia, 7 dias na semana, pronto para resolver demandas por seu celular, que, inicialmente, urgentes, vão se incorporando à sua rotina e seus direitos trabalhistas vão sendo, impiedosamente, retirados.

De forma bastante criativa e a chamar a atenção do mundo produtivo, jovens criaram, nos EUA, o “Anti-work” Movement – Movimento Anti-Trabalho, e, na China, o Neijuan, que, traduzido, literalmente, como parafuso, hoje é um termo usado amplamente para expressar uma sensação de exaustão.

Tudo nos leva a crer que os jovens estão procurando outros caminhos, diferentes daquele que os obriga ao sucesso material a partir do mérito individual determinado pelo estudo e pelo trabalho exaustivos.

O Departamento do Trabalho dos Estados Unidos dá conta de que 4,3 milhões de pessoas pediram demissão ou aposentadoria apenas no mês de agosto.

Viver mais e melhor com menos tem sido a decisão de milhões de jovens no mundo. Em nosso mundo, 31% dos jovens entre 18 e 24 anos estão desempregados, a maioria fora da escola. Essa revolução ainda não chegou por aqui.


Marcio Aurelio Soares é médico.

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