Retórica sem consistência | Boqnews

Opiniões

31 DE AGOSTO DE 2015

Retórica sem consistência

Por: Humberto Challoub

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Apesar de anunciar a intenção de adotar medidas de austeridade em âmbito federal, com a redução do número de ministérios, supressão de cargos comissionados e venda de bens da União, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, não conseguiu ser convincente em sua tentativa de reverter a fragilizada imagem do Governo, especialmente diante do sacrifício que vem sendo imposto à população, vitimada pela carestia e pelos elevados índices de desemprego. Apesar de coerente diante do atual cenário de crise econômica, a retórica do ministro careceu de melhor elucidação sobre quanto os cortes representarão diante dos gastos governamentais, o que mais uma vez suscitou dúvidas sobre os reais propósitos das medidas sugeridas, uma vez que se revelam paliativas diante da necessidade de redução das despesas administrativas assumidas até aqui.

Sem credibilidade e pressionado pelos escândalos políticos, o Governo paga hoje o preço da irresponsabilidade e da falta de políticas consistentes de gestão. Mesmo reconhecendo os avanços nas áreas sociais conquistados nas últimas décadas, derivados quase que exclusivamente da implementação de programas assistencialistas, a inclusão no mercado de consumo de produtos básicos de milhares de famílias que viviam em níveis de miserabilidade não foi precedido dos alicerces necessários para garantir o equilíbrio fiscal capaz de assegurar a perenidade dessas iniciativas. Da mesma forma, poucas ações foram adotadas visando criar mecanismos definitivos de valorização da capacidade produtiva desse grande contingente populacional que ainda hoje vive em condições precárias.

Assim não heverá outra saída para o Governo Federal senão a de estabelecer parcerias efetivas com estados e, sobretudo, com os municípios, a fim de melhor conhecer as demandas e realidades das comunidades a serem atendidas, visto que as famílias brasileiras desejam menos complacência e mais dignidade. Da mesma forma, o momento também impõe uma postura mais paticipativa da população nas decisões políticas, por meio do engajamento nas entidades de classe, conselhos de moradores e organismos civis de representação, que devem cobrar transparência no uso dos recursos públicos e, sobretudo, fiscalizar os atos e ações dos mandatários eleitos.

Já não é mais possível aceitar passivamente tantos desmandos e a transformação das administrações públicas em balcões de negócios para atendimento de interesses de poucos e para o fornecimento de benesses aos usurpadores do poder, que apostam na impunidade diante do desinteresse e omissão da sociedade que deveriam servir.

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