O carvão é o mais poluente dos combustíveis fósseis. Em 2023, seu consumo foi recorde no planeta.
Mas o Reino Unido mostrou que é possível viver sem carvão.
Fechou a Usina Ratcliffe-on-Soar e se tornou o primeiro país do G7 grupo que reúne as nações mais desenvolvidas do mundo, a banir a produção de energia a carvão.
Londres tem história na luta contra a poluição. Enfrentou o grande fog que matou milhares de pessoas.
Utilizou-se do carvão para obter energia durante quase século e meio.
Em 2015, anunciou que fecharia as usinas na década seguinte.
Àquela altura, cerca de trinta por cento da eletricidade inglesa vinha do carvão.
Com vontade e perseverança, em 2023 esse percentual caiu para apenas um por cento.
O grupo dos países que pretende se livrar também do carvão congrega cerca de sessenta nações.
Nenhuma delas ainda chegou ao estágio dos ingleses.
O importante é a demonstração de que, se o governo quer, a poluição pode regredir.
Uma tragédia o que aconteceu na Alemanha, que tinha uma promissora política verde, mas que, com a guerra na Ucrânia, ressuscitou as famigeradas usinas de carvão.
Ali, cerca de vinte e cinco por cento da eletricidade provém da queima de carvão, assim como trinta por cento é a dependência dos japoneses dessa fonte energética letal.
É interessante que os países assinam acordos, como o de Paris, para reduzir a emissão dos gases causadores do efeito estufa e encontram escusas, algumas esfarrapadas, para não cumprir com as obrigações assumidas.
No ano passado, o mundo consumiu 8,53 bilhões de toneladas de carbono, queimadas para produzir energia. Cresceu o uso na China e na Índia, além da Indonésia.
E o Brasil? O que vai para cumprir o Acordo de Paris?
Aqui, a maior fonte de emissão é o desmatamento, cruel extermínio de um patrimônio que não foi construído pelo homem, porém que, na ignorância de braços dados com a ganância, está desaparecendo antes mesmo de ver inventariada a sua exuberante biodiversidade.
A sociedade civil precisa acordar e exigir do Estado seja responsável pelas atuais e futuras gerações, como determina a Constituição da República, notadamente o seu artigo 225.
José Renato Nalini é reitor da Uniregistral, docente da pós-graduação da Uninove e secretário-executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo
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