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25 DE JULHO DE 2014

Tensão pré-eleitoral

Por: Humberto Challoub

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A aproximação das eleições concorre diretamente com o humor do mercado. Cada pesquisa eleitoral divulgada pela mídia afeta positivamente ou não a Bolsa de Valores e o humor do empresariado. No emaranhado de números, uma coisa é certa.

Há uma clara retração na economia e o governo está preocupado com isso. Basta perguntar para qualquer empresário em relação às vendas dos seus produtos, fato que se reflete na circulação de dinheiro.

Ao contrário do que muitos podem achar, a Copa do Mundo mais atrapalhou do que ajudou as finanças daqueles que não estiveram diretamente envolvidos ao evento. Ou seja, poucos realmente se beneficiaram. Só que as contas e as dívidas permaneceram.

A dona de casa, acostumada a ir ao supermercado ou à feira-livre, percebe claramente um temor pré-eleitoral no bolso: o aumento da inflação corrói o poder de compra.

Paralelamente, há uma tendência clara do aumento da inadimplência a partir deste semestre, a medida que o anterior registrou uma queda de 1,1% no período, mas um aumento de 3% na comparação anual (julho/13 a junho/14).

Segundo os economistas da Serasa Experian, dificilmente a tendência de queda será mantida para o restante do ano. Foram sete elevações mensais em nove meses, o que mostra uma tendência de alta.

Inflação e juros elevados, com a instabilidade da economia em razão da incerteza eleitoral na definição do futuro governante, colocam os empresários em compasso de espera e temerosos por surpresas negativas, pois diante da insegurança econômica e de ausência de clareza nos rumos do País evitam fazer investimentos pontuais, atrasando planejamentos.

Aliás, diga-se de passagem, tal situação não se restringe ao governo Dilma Rousseff. Aconteceu no segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso, que, após reeleito, em 1998, colocou em vigor a desvalorização do real deixando em desespero os brasileiros que tinham dívidas em dólar.

O mesmo ocorreu em 2002, no final do governo FHC, quando Lula chegou ao poder com uma inflação anual de 12,5%.

A volta dela, aliás, é uma das principais preocupações do Governo. Em entrevista à agência Reuters, o vice-presidente Michel Temer reconheceu este temor.

O IPCA, índice que baliza a meta governamental, ficou no incômodo patamar de 6% ao longo do governo Dilma e ameaça romper este ano o teto da meta, de 4,5% com margem de dois pontos para mais ou menos.

Além disso, para conter a inflação, o Banco Central elevou até 11% a taxa Selic. Outro ingrediente preocupante é o aumento do desemprego. No primeiro trimestre chegou a 7,1%, acima dos 6,2% no mesmo período de 2013.

O cenário para este semestre não é animador para o brasileiro de forma geral, que sentirá cada vez mais no bolso as oscilações decorrentes do humor do mercado e das pesquisas eleitorais.

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