Final de ano é tempo
de balanços e promessas. Na política, é clichê dividir um governo em três
etapas. O primeiro ano é a fase em que o novo administrador tenta arrumar a
bagunça do antecessor. Os dois anos seguintes são o período de governo, de
fato. E o último ano é campanha eleitoral.
O primeiro ano do PSDB na
Prefeitura de Santos foi irregular. Mas o que esperar com uma turma de
calouros? Meia verdade. Parte do governo atual já estava no poder com o
ex-prefeito João Paulo Tavares Papa. O PSDB tinha o vice-prefeito da gestão
anterior.
Salvo algumas declarações de
secretários, os tucanos evitaram cutucar Papa, que depois se filiou ao próprio
PSDB. Há funcionários de primeiro e segundo escalões que são governo há 17
anos, quase a maioridade no poder.
A Prefeitura se escorou em
grandes projetos, que soam como promessas de réveillon. O VLT empacou depois de
meses se arrastando entre São Vicente e Santos, entre discursos e rusgas jurídicas.
O túnel, promessa desde 1927, ganhou uma dúzia de traçados, a pressão popular e
a contratação de burocratas pelo Governo do Estado. A Prefeitura se apoiou também
em parcerias com o Governo Federal. A Macrodrenagem na Zona Noroeste é o
exemplo. Em ano eleitoral, o trabalho quem sabe? acelere.
Na política, o primeiro ano
de Governo não enfrentou sobressaltos. O filho Paulo manteve ótima relação com
o pai Geraldo. O governador esteve na cidade várias vezes, onde anunciou
recursos e até falou de projetos que ainda não existiam na Baixada Santista.
Até os adversários tentaram capitalizar votos por aqui, como o ministro da
Saúde e pré-candidato ao Governo de São Paulo, Alexandre Padilha.
As relações com a Câmara
Municipal seguiram com os vereadores em sua maioria adestrados pela
Prefeitura. Até as medidas mais impopulares, como o reajuste do IPTU e a
criação de Organizações Sociais, passaram sem dor, com parlamentares servindo
de escudo do governo.
A pedra no sapato foram os servidores
municipais. Houve a primeira greve da categoria em 18 anos. O prefeito atual
acalmou os ânimos com um abono travestido de reajuste. Assegurou o cessar-fogo
por seis meses. A ira dos servidores ressuscitou em dezembro por conta da
criação da OSs.
A resposta de Paulo
Alexandre assegurou a trégua das festas de final de ano. A Prefeitura anunciou
um concurso público com 439 vagas. Uma medida estratégica, que mantém a
categoria em compasso de espera até 9 de março, quando acontecerá a prova. Aliás,
a folha de pagamento está bem perto do limite estabelecido pela Lei de
Responsabilidade Fiscal.
Na área social, o Hospital
dos Estivadores uma das principais promessas de campanha segue em coma. Nos
transportes, a administração congelou a tarifa dos ônibus e enalteceu medidas
pontuais, como meia dúzia de ônibus com internet e ar-condicionado.
A cultura permanece como
primo pobre, sobrevivendo com os trocados do orçamento e o trabalho apaixonado
de muitos técnicos competentes. Por outro lado, a pasta teve que encarar as
mortes no Carnaval e o menino eletrocutado em uma das tendas da orla da praia.
Mais de mil moradores de rua
acenderam as pressões sobre o governo, que inaugurou centros de atendimento ainda
que insuficientes para a demanda e acelerou acordos com entidades religiosas para
tratamento de dependentes químicos. A administração municipal ignorou pesquisas
internas e pagou R$ 221 mil para a Fipe realizar um censo de moradores de rua e
descobrir o óbvio, como 90% dos moradores de rua têm problemas com álcool.
Na política, dizem que os
governos começam a funcionar no segundo ano. Talvez seja a hora de cuidar,
inovar e avançar, verbos tão desgastados na campanha de 2012.
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