O assasinato do ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes, ocorrido em Praia Grande nesta semana, mais uma vez evidencia a urgente necessidade de as autoridades públicas agirem de forma vigorosa e permanente no combate ao crime organizado estabelecido em várias regiões do País.
Assim como ocorre nos médios e grandes centros urbanos brasileiros, a Baixada Santista viu crescer, nas últimas décadas, as facções criminosas em quase todas as cidades da região metropolitana.
Em áreas dominadas por milícias e quadrilhas que comandam o tráfico de drogas, principalmente em morros e conjuntos de favelas periféricas, evidencia-se os níveis de sofisticação e audácia alcançados pela criminalidade.
Fortalecidos, ao longo de décadas, pela negligência governamental, as quadrilhas, pelo que se constata, já estão inseridas em esferas do poder constituído e dominam territórios impondo leis próprias e designando sentenças de morte a todos aqueles que julgam ameaçar suas atividades ilícitas.
Tamanho grau de organização e nível de ingerência na vida das comunidades impõe, no atual momento, muito mais do que periódicas ações policiais isoladas, pois têm representado meros paliativos diante da dimensão que o problema já alcançou.
Assim, torna-se imperiosa a adoção de medidas para o restabelecimento do poder do Estado, que exigem intervenções e permanência das forças militares em áreas dominadas pelas quadrilhas, conjugadas a medidas sociais cabíveis para reconquistar a confiança e a credibilidade junto as populações residentes.
A quantificação da violência deixa mais do que clara a necessidade de priorizar o aperfeiçoamento dos métodos utilizados até aqui e, sobretudo, com a valorização e qualificação dos profissionais que atuam nessas corporações.
Sem contar com infraestrutura adequada, com sistemas de formação deficientes e oferecendo salários incompatíveis com a realidade que a atividade requer, em diversos estados a polícia não dispõe dos meios adequados para combater o avanço da criminalidade
Da mesma forma, a atualização do Código Penal, a partir da criação de leis mais rigorosas para punir criminosos e por fim às audiências de custódia, se torna imprescindível para desestimular e inibir práticas ilícitas, que têm na impunidade sua principal aliada.
Somente a mobilização e união de esforços e a integração das corporações policiais nas esferas municipais, estaduais e Federal poderá se obter sucesso na guerra contra o crime organizado, uma medida que, sem dúvida, contará com o apoio amplo e irrestrito da sociedade civil, que hoje é refém e vítima dessa tragédia cotidiana.
Humberto Challoub é jornalista, diretor de redação do jornal Boqnews e do Grupo Enfoque de Comunicação
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