É óbvio que fiquei extremamente frustrado com o rebaixamento do Santos FC.
Foi difícil acompanhar o sobe e desce da classificação até o trágico desfecho.
No entanto, no dia seguinte a vida seguiu seu rumo e, há muito tempo, cheguei à conclusão de que futebol não paga as minhas contas nem põe comida na minha mesa.
Futebol para mim é entretenimento, e não um “ópio”.
O que aconteceu com o Santos FC foi uma “tragédia anunciada”, que teve seu ápice nos últimos dois anos, mas vem de longe.
É fato que recentemente o time vem lutando para não ser rebaixado até no Campeonato Paulista.
O time não “deu liga”, vivendo de espasmos.
O “alçapão” virou parque de diversões de visitantes.
Mas não venham de novo com a conversinha de que o Santos FC acabou!
Lembro que em 1974, quando Pelé encerrou sua carreira e Cláudio Adão sofreu uma grave contusão, o comentarista da TV Tupi, Geraldo Bretas sentenciou: “O Santos acabou!”.
Esse comentário, usando duas palavras comuns em seu vocabulário, foi “lamentável”, “execrável”.
Aliás, ele só dava “bola fora”, ao ponto de prometer que ficaria careca se o atacante Mirandinha, então no São Paulo FC, conseguisse marcar um gol no Palmeiras.
Raparam o cabelo dele ao vivo, sob o olhar matreiro do atacante.
De fato, os dois anos seguintes foram tristes, mas em 1977, convidado a participar de um torneio internacional, o Santos FC surpreendeu, sendo vice-campeão, perdendo nos pênaltis para o então poderoso Atlético de Madri.
No ano seguinte, os “Meninos da Vila”, com Juary & Cia., foram campeões paulistas em cima do São Paulo FC.
Foi a primeira volta por cima.
A década de 1980 também teve altos e baixos, mas teve o vice-campeonato brasileiro de 1983 e o Campeonato Paulista de 1984, com Serginho e Paulo Isidoro.
Os anos de 1990 tiveram um dos maiores absurdos da história do futebol brasileiro, quando o Santos de Giovanni foi prejudicado na disputa do Brasileirão de 1995, ficando com mais um vice-campeonato.
Em 1997 o Santos foi campeão da Torneio Rio-São Paulo.
Aí veio a geração de Diego e Robinho, com o Santos FC campeão brasileiro em 2002 e 2004, vice em 2003 e 2007.
Nesse período, começou uma sequência de títulos no Campeonato Paulista (2006, 2007, 2010, 2011, 2012, 2015 e 2016) , que logo no início dos torneios a pergunta era: “Quem vai disputar a final com o Santos FC?”.
O Santos FC também foi campeão da Copa do Brasil (2010), da Libertadores da América (2011) e da Recopa Sul-Americana (2012), agora com Neymar e Ganso, além do vice-campeonato mundial interclubes.
Afora os campeonatos, o Santos sempre se manteve como referência nas categorias de base, revelando craques em profusão.
Esse ano, tudo deu errado, e o “incaível” caiu por seus próprios deméritos.
Mas o Santos FC nunca “acabou”, com sentenciou Geraldo Bretas.
Pelo contrário, se reinventou a cada tropeço!
Será preciso dar a volta por cima, mais uma vez!
Perder e ganhar faz parte do jogo, que é jogado no gramado, com o apoio da torcida!
E que essa torcida jamais repita os atos de vandalismo que perpetraram após o término da fatídica partida!
Briga e queima de veículos – danos ao patrimônio público e privado – foram atos criminosos de quem não tem respeito pelo próximo e pela história do Santos FC, sendo indignos de cantar seu hino!

Adilson Luiz Gonçalves é escritor, engenheiro e pesquisador universitário e membro da Academia Santista de Letras
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