A vitória do prefeito Rogério Santos (Republicanos) no último domingo deveu-se a uma soma de fatores, mas em especial destaque para a virada na ZE 273ª.
Além da ampliação de votos na 118ª (Zona Noroeste, morros e áreas centrais) e diminuição da diferença na 272ª.
Não bastasse, o considerável índice de abstenções (33,74%) – algo comum em praticamente todos os bairros da Cidade.
Por fim – e determinante, aliás – a votação de eleitores de viés de esquerda e centro-esquerda.
Afinal, parcela considerável dos que votaram na vereadora Telma de Souza (PT) optaram em votar no prefeito no segundo turno em razão da ligação da deputada com o ex-presidente Jair Bolsonaro e esposa, Michelle.
Contra o bolsonarismo
Não é à toa que a própria vereadora fez questão de afirmar – em várias ocasiões – a necessidade de se impedir o ‘avanço do bolsonarismo na Cidade‘.
Na mesma linha, os partidos de esquerda, como PT, PSOL e PDT, enfatizaram a repulsa ao ex-presidente.
Afinal, a quatro dias das eleições, o casal esteve em Santos para reforçar apoio à parlamentar, inclusive com direito a carreata na Zona Noroeste – longe de ser um reduto bolsonarista.
Um grave erro estratégico, reconhecido por simpatizantes da candidatura da parlamentar.
Afinal, vídeos nas redes sociais mostram que a ação não foi bem sucedida.
Não faltaram xingamentos ao ex-presidente.
Aliás, as imagens viralizaram, como na página do jornalista Guga Noblat.
Abertas as urnas, Rogério venceu por 14.970 votos de diferença – 118.562 contra 103.592.
Uma distância significativa ainda mais na comparação dos turnos, quando Rogério venceu por apenas 1.499 votos.
Na prática, Santos conquistou 17.064 novos eleitores no segundo turno.
Já a deputada, 3.593 em três semanas de campanha.
Portanto, Santos ampliou sua distância quase cinco vezes mais, refletindo nas urnas o que a ampla maioria das pesquisas eleitorais, inclusive as da região – alvo de críticas da parlamentar após o fim do primeiro turno – assinalaram dias antes da eleição.
273ª ZE
Mas, sem dúvida, a grande virada ocorreu na ZE 273ª.
Afinal, lá a deputada Rosana Valle obteve 4 mil votos a mais que seu oponente – ela ganhou em todos os bairros.
A região é formada pelo Boqueirão, Gonzaga, Pompeia, José Menino, Campo Grande, Marapé e Vila Belmiro.
No entanto, no segundo turno, a parlamentar só levou vantagem no Gonzaga (149 votos a mais que o prefeito) e na Vila Belmiro (152 a mais).
No primeiro, o prefeito só venceu no Morro do José Menino.
Dessa forma, Rogério Santos saiu de uma votação de 33.378 votos na 273ª no primeiro turno para 39.324 no segundo.
Alta de 5.946 votos.
Virou o jogo na maioria dos bairros.
Rosana saiu de 37.392 votos no primeiro turno para 38.362 no segundo.
Exatos 970 sufrágios adicionais.
O prefeito também venceu na UME Ayrton Senna, no Campo Grande, onde votou sua vice, Audrey Kleys.
Lá, obteve 1.309 votos – contra 1.259 da parlamentar.
272ª ZE
Por sua vez, a 272ª se tornou a única região que garantiu a vitória da deputada tanto no primeiro como no segundo turno.
Na prática, a deputada cresceu de 34.553 votos para 35.388.
Muito em razão da Ponta da Praia, onde ela venceu por 872 votos no segundo turno, sua melhor performance.
Deve-se destacar que a parlamentar reside no bairro, assim como seu vice, Sadao Nakai, presidente do Clube Estrela de Ouro, também localizado na Ponta da Praia.
No entanto, se no primeiro turno a deputada venceu em todos os cinco bairros da 272ª (Ponta da Praia, Aparecida, Embaré, Macuco e Estuário), no último domingo, a vantagem se limitou ao seu bairro de residência (872 votos a mais), Estuário (19 votos) e Embaré (vitória por 15 votos).
No entanto, o prefeito Rogério Santos revertou o cenário e venceu na Aparecida, por 44 votos, e no Macuco, por 281 sufrágios.
Assim, vale lembrar que a Aparecida foi o bairro onde a vereadora e ex-prefeita Telma de Souza (PT) obteve sua melhor votação no primeiro turno: 3.144 votos.
Portanto, isso contribuiu para a virada do prefeito no bairro.
No final, Rosana Valle passou de 34.553 votos no primeiro turno para 35.388 no segundo nesta zona eleitoral.
Alta de 835 votos – o equivalente à votação adicional dela na Ponta da Praia.
Já Rogério Santos recebeu 28.637 votos no primeiro turno e chegou a 34.807 no segundo. Alta de 6.170 sufrágios.
Dessa forma, venceu na Aparecida (por 44 votos) e no Macuco (por 281).
118ª ZE
Única região onde o prefeito Rogério Santos venceu no primeiro turno, a 118ª garantiu-lhe uma vitória ainda mais elástica neste local.
No primeiro turno, o prefeito obteve 39.483 votos – quase a metade do total de votos válidos nesta zona (49,86%).
Contra 28.054 votos para Rosana Valle (35,43%).
Assim, nesta zona, a candidata bolsonarista venceu na Encruzilhada e em Monte Cabrão, área continental de Santos.
Dessa forma, no segundo turno, o prefeito Rogério Santos venceu em todos bairros da 118ª, inclusive na área continental.
Obteve 44.431 votos – 59,82% dos votos válidos contra 29.842 sufrágios para Rosana Valle (40,18%).
Crescimento dele de 4.948 votos contra 1.788 da parlamentar.
Curiosidades
Aliás, algumas curiosidades merecem destaque.
O prefeito Rogério Santos venceu em 96 colégios eleitorais e Rosana Valle, 25.
Além disso, o prefeito venceu no Presidente Kennedy, na Pompéia, escola onde vota, obtendo 1.176 votos contra 1.120 de Rosana Valle.
Assim, na comparação entre os dois turnos, Rogério ampliou em 173 o número de votos nesta escola, enquanto Rosana cresceu apenas 19.
Assim, ela havia vencido no primeiro turno.
Não bastasse, Rosana Valle perdeu no Andradas I, na Aparecida, onde vota.
Aliás, lá ela obteve 1.223 votos contra 1.364 do prefeito.
Na comparação entre os turnos, Rogério obteve mais 632 votos. Rosana, 354.
Ou seja, ele virou o jogo no local onde ela vota.
Já a UME dos Andradas, também na Aparecida, foi o único ponto onde os dois candidatos tiveram menos votos no segundo turno que no primeiro.
Assim, Rogério perdeu 146 eleitores. Rosana, 278.
Ao todo, o prefeito obteve uma votação menor no segundo turno em duas escolas (no Andradas e na UME Ricardo Sampaio, no Caruara).
Já Rosana, viu uma redução nominal de votos entre os turnos em 18 locais de votação.
Ou seja, menos eleitores votaram nela no último dia 27 nestas unidades.
Abstenção
Muito disso se deve ao crescimento da abstenção, de 33,74%.
Porém, alguns bairros tiveram índices menores.
Casos do Rádio Clube, com 29,5% de abstenção e a Areia Branca, com 26,3%.
No entanto, na Vila Nova, a abstenção chegou a 44,5% do eleitorado e no Centro, 43,3%.
Média de abstenção por zonas/bairros – 2º turno
118ª
Areia Branca – 26,3%
Bom Retiro – 32,6%
Caruara – 37,3%
Castelo – 30,6%
Centro – 43,3%
Chico de Paula – 33%
Encruzilhada – 34,3%
Jabaquara – 35,2%
Monte Cabrão – 35,2%
Morro da Nova Cintra – 33%
Jd Piratininga – 36%
Morro da Penha – 36%
Morro São Bento – 34%
Rádio Clube – 29,5%
Saboó – 32,3%
Santa Maria – 31,7%
São Jorge – 33,6%
São Manoel – 32,8%
Valongo – 38,8%
Vila Mathias – 37,4%
Vila Nova – 44,5%
273ª
Boqueirão – 35,4%
Campo Grande – 31,8%
Gonzaga – 35,4%
José Menino – 36,7%
Marapé – 30,2%
Morro do José Menino – 36,3%
Pompeia – 31,8%
Vila Belmiro – 33,6%
272ª
Aparecida – 33,8%
Embaré – 34,0%
Estuário – 30,5%
Macuco – 33,3%
Ponta da Praia – 33,9%
Dados disponíveis no portal do TSE, com números compilados pelo jornalista Sandro Thadeu
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