Telma de Souza se torna a fiel da balança nas eleições em Santos | Boqnews
Vereadora e ex-candidata à prefeita Telma de Souza (PT): a fiel da balança neste segundo turno Foto: Carla Nascimento

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30 DE OUTUBRO DE 2024

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Telma de Souza se torna a fiel da balança nas eleições em Santos

Parte dos mais de 31 mil votos de eleitores da vereadora no 1º turno migraram para prefeito Rogério Santos, que venceu por 14.970 sufrágios

Por: Fernando De Maria

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Na primeira sessão após a definição da reeleição do prefeito Rogério Santos e sua vice, Audrey Kleys, alguém no plenário da Câmara brincou com a vereadora Telma de Souza (PT).

Ela sorriu e disse junto ao microfone: ‘Depois de ter decidido uma eleição, sem nenhuma modéstia…’, brincou.

No púlpito, com a autoridade de quem já foi prefeita, deputada federal e estadual, a experiente vereadora fez um breve discurso relembrando a eleição do primeiro turno, onde obteve 13,47% dos votos válidos em Santos, sua cidade natal, no litoral paulista.

“O número do meu partido”, riu.

 

Com base nos seus 31.423 votos (número 13 ao contrário, outra coincidência), Telma sabe bem a importância da representatividade dos seus eleitores no segundo turno, onde dois candidatos de partidos de direita (Republicanos e PL) estiveram no segundo turno.

Um dilema, aliás.

Afinal, ainda que não demonstrasse apoio à candidatura de Rogério Santos, tinha claro em mente que o adversário era ‘o avanço do bolsonarismo na Cidade’, como chegou a dizer em várias ocasiões.

Falou isso no ano passado, quando o cenário eleitoral nem estava claro.

E reiterou novamente no primeiro semestre, durante entrevista ao jornalista Francisco La Scala Jr, no Jornal Enfoque.

Portanto, leia-se: na visão dela, o objetivo era evitar a vitória da deputada bolsonarista Rosana Valle, que entrou na vida pública no PSB pelas mãos do hoje ministro Márcio França.

E depois, após atritos com integrantes da legenda, mudou radicalmente sua posição ao se filiar no PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Notas públicas

Voltando à experiente política,  a fala de Telma ganhou notas públicas tanto pelo seu partido como o PSOL para o segundo turno (leia mais aqui).

O PDT, por sua vez, que indicou seu vice, o médico Márcio Aurélio, foi mais direto e apoiou à reeleição do prefeito.

Afinal, quatro dias antes, o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro e a esposa, Michelle, voltaram à Cidade para prestigiar, na reta final, a candidatura da deputada Rosana Valle.

Uma provocação aos seus eleitores, a medida que até carreata houve na Zona Noroeste, outrora tradicional reduto da política e do seu partido?

Abertas as urnas, o prefeito Rogério Santos (Republicanos) venceu por 118.562 sufrágios contra 103.592 da deputada bolsonarista Rosana Valle (PL).

Ou seja, no segundo turno, Santos cresceu 17.064 votos.

Já Rosana, 3.593 – ou seja quase cinco vezes menos.

Em percentuais, Rogério subiu 16,8%. Rosana, 3,6% entre os dois turnos.

No final, ele ficou com 53,3% dos votos válidos. Rosana, 46,7%.

Rogério venceu nas 118ª e 273ª (com virada entre os turnos). Rosana, na 272ª ZE.

Mapeamento dos locais de votação no primeiro turno com cruzamento dos dados da Justiça Eleitoral com o Google (cor azul representa os colégios onde Rogério Santos venceu. Na cor lilás, locais onde Rosana Valle sagrou-se vitoriosa). Foto: Reprodução com base em levantamento do jornalista Sandro Thadeu

 

Contra o avanço do bolsonarismo

Como Telma anteviu, uma resposta contra o avanço do bolsonarismo na Cidade, outrora conhecida como Cidade Vermelha pelos militares, em razão das lutas dos seus trabalhadores portuários.

Ainda que tenha ocorrido a queda no volume de eleitores na comparação entre os dois turnos de 6,3%. (250.178 para 234.353)

E de votos válidos de 5,2% (234.485 para 222.154).

“Claramente, os eleitores que acreditaram na nossa proposta foram decisivos para a vitória do prefeito (Rogério)”, salientou na Câmara.

Assim, ela pediu ao prefeito e a sua vice, vereadora Audrey Kleys, que os compromissos de campanhas sejam atendidos, como as propostas de redução da desigualdade, maior justiça social e a tarifa zero no transporte.

“Pedimos que, principalmente, o prefeito dê atenção ao que disseram as urnas”, enfatizou.

Na sequência, um dos principais apoiadores da candidatura de Santos, o próprio presidente da Casa, Carlos Teixeira Filho, salientou a importância da vereadora na história política da Cidade e nestas eleições.

Comparando os números

Os números atestam exatamente o que a experiente política representa no alto dos seus 80 anos, mais da metade na vida pública, sempre no Partido dos Trabalhadores, agremiação que ajudou a fundar ao lado de lideranças, como o próprio presidente Lula.

Afinal, os números confirmam a importância dos votos de eleitores de Telma de Souza na vitória de Rogério Santos no segundo turno.

A ação contra ‘o avanço do bolsonarismo’ na Cidade, como ela sempre enfatizou, efetivamente ocorreu – sem que o partido tenha indicado votação em Rogério.

Ou seja, foi um processo natural por parte dos seus eleitores e líderes, como o médico infectologista e ex-vereador pelo PT, Evaldo Stanislau.

118ª

Afinal, no primeiro turno, Rogério venceu por 1.499 votos, graças, especialmente, aos eleitores da ZE 118ª.

Os moradores da Zona Noroeste, Morros e área central da Cidade (exceto Encruzilhada) garantiram-lhe 49,86% dos votos válidos (39.483) contra 28.054 (35,43%) de Rosana Valle, a segunda colocada.

Diferença de 11.429 votos.

Ali, Telma de Souza obteve 11.131 votos (14,06%), de um total de 85.509 eleitores – sendo 79.185 votos válidos (92,6%).

No segundo turno, Rogério acresceu 4.948 votos, contra 1.788 para Rosana Valle na comparação entre os dois turnos.

Portanto, foram 44.431 contra 29.842 – 14.589 votos de diferença.

Ainda que o total de eleitores presentes nesta zona tenha diminuído 8% (85.509 no primeiro turno e 78.668 no segundo).

Sem contar a queda de 6,2% no total de votos válidos (79.185 no primeiro turno contra 74.273 no segundo).

273ª

A despeito do avanço de Rogério na 118ª, o grande diferencial ocorreu na 273ª, onde estão bairros como Boqueirão, Gonzaga, Pompéia, Campo Grande, Vila Belmiro, Marapé e José Menino.

Não em termos numéricos, mas de reversão de um quadro praticamente consolidado.

Afinal,  Rosana Valle venceu com 37.392 votos (45,82%) contra 33.378 para Rogério (40,91%) no primeiro turno.

Esperava-se, portanto, que a deputada amplia-se sua posição na maior zona eleitoral da Cidade.

Afinal, ela venceu em praticamente todas as seções desta região.

No entanto, não foi o que ocorreu.

Abertas as urnas no último domingo, Rogério virou o jogo e atingiu 39.324 votos (crescimento de 17,8%) contra 38.362 para Rosana (crescimento de apenas 2,6% entre os dois turnos).

Ou seja, Rogério cresceu quase 6 mil votos, enquanto Rosana não atingiu mil novos eleitores.

Não bastasse, o volume de eleitores diminuiu 5,5% entre os turnos (86.289 para 81.560), assim como os votos válidos (81.604 para 77.686).

Vale lembrar novamente o peso de Telma de Souza.

Afinal, nesta zona eleitoral, ela obteve 2.107 votos no Boqueirão, 2.334 no Campo Grande e 1.945 no Gonzaga, só para citar alguns dos bairros.

Afinal, somados, chegaram a 6.386 votos para ela – bem próximo do aumento eleitoral de Rogério Santos nesta zona eleitoral.

272ª

Mesmo na 272ª, principal reduto eleitoral da deputada Rosana Valle, a diferença caiu de forma significativa na comparação dos turnos.

Afinal, a deputada obteve 34.553 votos contra 28.637 no primeiro turno – diferença de 5.916 sufrágios.

No segundo turno, Rosana venceu, mas por apenas 581 votos na zona onde ela obteve sua maior diferença em 6 de outubro.

Afinal, além de moradora nesta região, seu vice, o ex-presidente da Câmara, Sadao Nakai, também é importante liderança no bairro, especialmente na Ponta da Praia, onde dirige o Clube Estrela de Ouro.

Ou seja, Rogério cresceu 6.170 votos (total de 34.807) e Rosana, apenas 835 nesta zona eleitoral (total de 35.388).

Em percentuais, Rogério cresceu 21,5% e Rosana, 2,4%.

Ainda que os eleitores desta zona tenham diminuído em 5,4% no comparecimento (78.380 no primeiro turno e 70.195 no segundo).

E queda de 4,7% nos votos válidos (73.696 em 6 de outubro contra 70.195 agora).

Assim, ainda que não tenha vencido nesta zona eleitoral, o crescimento percentual do prefeito foi representativo.

Afinal, foi na ZE 272 onde a vereadora Telma de Souza obteve as três maiores votações numéricas por bairros no primeiro turno.

Na Aparecida, foram 3.144 votos, seguido pela Ponta da Praia, com 2.599, e no Embaré, com 2.446 sufrágios.

Todos, aliás, na 272ª.

Sinal que Telma de Souza tem razão quando brincou na sessão da Câmara da última terça-feira.

Afinal, Telma e seus eleitores foram, de fato, os fieis da balança deste segundo turno.

E evitaram que o ‘bolsonarismo’ chegasse ao poder em Santos, cidade outrora conhecida como Cidade Vermelha e que durante décadas foi impedida de escolher seus governantes.

A última vez entre 1968 a 1984 durante a ditadura militar.

 

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