Faltando menos de 3 meses para o primeiro turno das eleições municipais, uma pauta sempre levantada tanto por eleitores quando por candidatos são as fake news. Elas possuem grande impacto, podendo atacar o sistema eleitoral, reduzindo a confiança dos eleitores.
Segundo o jornalista e doutor em Ciências Humanas, Michel Carvalho, até o uso da Inteligência Artificial (IA) preocupa o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “A nova resolução do TSE toca nessa questão, pois proíbe qualquer tipo de uso da IA para criar o que chamamos de deepfake, aquelas representações que simulam a fala de uma pessoa, o rosto e elas estão se aperfeiçoando, tanto que parecem real”. Ele participou do programa Jornal Enfoque de quinta-feira (4).
Portanto, Carvalho comenta que leu um artigo recentemente na Índia, país em que teve eleições recentes, e cita que eram utilizados vídeos de pessoas mortas fazendo declarações de voto. Desse modo, era tão perfeitos que ninguém conseguia perceber se eram produzidos artificialmente ou não. Portanto, o jornalista aborda que é possível que tenha as eleições com maior número de conteúdo falso circulando nas redes sociais.
“O TSE tem algumas normativas específicas para esse tipo de combate de desinformação eleitoral, por exemplo, isso pode acabar acarretando multa e até cassação do registro da candidatura, se for comprovada com a produção por parte de um candidato. Acredito que isso vai ter algumas repercussões, mas inibir acho que não vai, porque muita coisa ocorre no submundo das redes sociais, como conteúdos sem autoria e sem assinatura. Então fica muito difícil você comprovar a responsabilidade da produção e da circulação daquele conteúdo, quem produziu e quem foi responsável pela circulação”.
Redes sociais
O especialista menciona que o TSE há pouco tempo se reuniu com as empresas de plataformas para tentar coibir a circulação de desinformação eleitoral. Dessa maneira, visando tentar reduzir alcance, pois nas últimas eleições foi observado o impacto do disparo em massa de fake news.
“Apesar de tudo, ainda acredito que a desinformação hoje tem impacto, mas não define um resultado, existem questões da Psicologia Social e questões de crença que precisam ser avaliadas nessa questão, pois se não tivemos uma mentalidade favorável a algo, uma fake news não vai mudar seu comportamento eleitoral”.
Com isso, ele explica que deve haver “terreno fértil” para que uma desinformação apresente algum tipo de efeito, pois o eleitor que já possui uma tendência para votar em determinado candidato, ao receber uma fake news, ele só vai reforçar essa convicção e não vai mudar radicalmente de lado ou opinião. “Precisamos combater a desinformação eleitoral, mas não acredito em uma campanha de desinformação que mude resultados de um pleito, porque querendo ou não, a sociedade avançou, então hoje em dia existem fake news grotescas. Assim, você consegue perceber que realmente é um conteúdo falso, impreciso e produzido artificialmente”.
Utilidade Pública
Além disso, outro ponto que o jornalista abordou foi sobre as publicações das prefeituras e câmaras durante as eleições. “Em outros anos, algumas prefeituras e câmaras pensaram que para não ter qualquer problema em tornar o prefeito ou presidente da Câmara inelegível, nós tirávamos do ar, tanto as redes sociais e o site. Então, é um entendimento muito radical, porque a legislação eleitoral diz que serviços obrigatórios à população não devem ser retirados do ar”.
Contudo, ele menciona que o correto é não retirar do ar reportagens de interesse público. Carvalho exemplifica que nas eleições em 2018, órgãos estaduais saíram do ar, como, por exemplo, a EMTU. Então, o cidadão queria se informar em que horário passava uma linha de ônibus, mas não tinha como consultar.
Desse modo, com a chegada das eleições e principalmente durante o período, é necessário que o eleitor pesquise e verifique as informações, como tenha o devido cuidado em compartilhar com outras pessoas, para evitar desinformação da sociedade.