O novo técnico Diego Aguirre é a bola da vez do Santos na luta contra o rebaixamento no Campeonato Brasileiro.
Sendo assim, ele já comandou seus primeiros treinos no CT Rei Pelé e faz sua estreia no próximo domingo, contra o Fortaleza, às 18h30 (de Brasília), pela 19ª rodada do Campeonato Brasileiro.
O uruguaio tem nove títulos em 20 anos de carreira como treinador e é mais conhecido pelo seu trabalho no Peñarol em 2011, no qual foi finalista da Libertadores e perdeu para o próprio Peixe de Ganso e Neymar.
Outros trabalhos de destaque incluem o Internacional em 2015, pelo qual foi semifinalista da Libertadores, e o São Paulo, no qual liderou o Campeonato Brasileiro. Mas nos últimos anos, Aguirre acumula passagens ruins em diversos clubes: foi mal no Internacional em 2021 e não completou nem 24 jogos no Cruz Azul e Olimpia.
Desempenho no comando
O estilo de jogos de seus times é equilibrado. Aguirre gosta de uma defesa compacta e forte, com muito contra-ataque e chegadas rápidas ao ataque. Foi assim no Olimpia e Cruz Azul, seus últimos dois trabalhos que servem como insumo para a análise abaixo.
O treinador uruguaio gosta de times que se organizam para tocar a bola a partir da chamada “saída de três”, com um volante que se coloca no meio dos zagueiros e os laterais se projetam bem ao ataque.
Com isso, os atacantes e os meias mais ofensivos ficam mais presentes na área. Isso torna o toque de bola muito vertical, sem delongas: Aguirre é dessa escola de jogadas rápidas ao ataque e gosta muito da chamada “profundidade”: quando o time tem sempre muita gente espetada lá na frente.
Além da saída de três, algo nítido nos times do treinador é ter sempre um meia fazendo um papel de organização na frente dessa saída de três. Ou seja, como o Santos dividido em dois: em um lado, um volante e os dois zagueiros.
Além disso, o outro, um pelotão com os laterais abertos e os jogadores Lucas Lima, Mendonza, Furch e um meia próximos da área. Aguirre gosta que um volante organize o jogo entre eles, papel que pode ser de Nonato ou Jean Lucas.
Trabalhos de Aguirre
O time que melhor revela Aguirre como treinador é aquele Inter de 2015. O torcedor deve lembrar dos jogos contra o Galo nas oitavas da Libertadores? Aranguíz fazia o papel de organizador e lançava Sasha, Valdivia e D’Ale.
Existia um conceito que explica aquela equipe: eram inversões de lado. O treinador santista gosta muito de tocar a bola de um lado e explorar a entrada de um lateral ou ponta do lado oposto, pegando de surpresa toda a defesa adversária.
O São Paulo do 1º turno do Brasileirão de 2018 também era assim: Nenê encostava e invertia Éverton, Diego Souza e Rojas, que chegavam rápido ao ataque e podiam driblar e jogar para o gol ou fazer o cruzamento na área. Dá para pensar nessas inversões com Mendoza pela esquerda e Lucas Lima abrindo o corredor direito.
No entanto, os times de Aguirre adotam uma postura mais conservadora na defesa. Ele gosta de ter uma linha defensiva sempre compacta e rente à área, e não é de usar esquema com três zagueiros.
Se o time perde a bola no ataque, existe a tentativa de pressionar na frente, mas quando não dá, todo mundo volta e fecha o próprio campo.
Aguirre gosta que a defesa esteja acompanhada de um meio que corre atrás, pressiona e morde o adversário. É um meio-termo.
Enquanto a defesa fica na proteção, o meio se esforça para roubar a bola. Se isso ocorre, todo o time sai rápido e busca contra-ataques: Aguirre gosta de esperar mais em jogos estratégicos. Sua passagem no Santos busca não apenas recuperar o time, mas sua própria carreira no Brasil.