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10 DE MAIO DE 2012

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Em busca da igualdade de raças

O jornalismo brasileiro deve criar oportunidades com foco na cidadania, para noticiar as desigualdades raciais e o racismo. A recomendação é do jornalista Heraldo Pereira, que discursou hoje (10) no lançamento da segunda edição do Prêmio Nacional Jornalista Abdias Nascimento, da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira-Rio). “Devemos criar possibilidades [jornalísticas]”, disse Heraldo. “Isso […]

Por: Da Redação

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O jornalismo brasileiro deve criar oportunidades com foco na
cidadania, para noticiar as desigualdades raciais e o racismo. A recomendação é
do jornalista Heraldo Pereira, que discursou hoje (10) no lançamento da segunda
edição do Prêmio Nacional Jornalista Abdias Nascimento, da Comissão de
Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira-Rio).

“Devemos criar possibilidades [jornalísticas]”, disse Heraldo. “Isso não é
ativismo político, é defesa dos direitos humanos, da cidadania. Dirão que
queremos dividir a sociedade, mas, quando mostrarmos números [estatísticas da
desigualdade], não tem quem não ficará constrangido”, completou o jornalista,
que é negro.

Em uma fala marcada por referências a jornalistas negros, como o próprio
Abdias Nascimento, que dá nome ao prêmio, Luiz Gama, José do Patrocínio e
Hamilton Cardoso, Heraldo Pereira, da TV Globo, revelou que defender reportagens
sobre as diferenças raciais nas empresas é tão “complicado” quanto discutir a
questão na sociedade.

“Acho que, muitas vezes, os negros são suprimidos do noticiário, de modo
geral”, avaliou Pereira. “As pessoas acham que o Brasil é um país branco,
inclusive nas redações (centrais de reportagem das empresas de jornalismo).”
Para ele, é preciso fazer “pressão” para que assuntos sejam noticiados, além de
ter mais negros jornalistas.

Heraldo Pereira também fez críticas ao racismo no país relatando experiências
pessoais e citando também caso de discriminação contra o fato de negros ocuparem
altos cargos em instituições como o Supremo Tribunal Federal (STF). “Sempre nos
fizeram crer que o racismo é coisa da nossa cabeça: ´Você que está interpretando
como racismo, eu não tive a intenção, eu, imagina, tenho até empregada negra’. É
sempre assim, ninguém tem nunca a intenção de ser racista”, condenou
Heraldo.

A coordenadora do Prêmio Jornalista Abdias Nascimento, Angélica Basthi
concordou com Heraldo, mas disse que o tempo é de mudança nas redações. Segundo
ela, reportagens sobre desigualdades raciais têm saído mais na imprensa. Com a
vitória das cotas raciais em universidades, no STF, acrescentou, a cobertura
ganhará fôlego, fazendo a sociedade a repensar a condição do negro.

“A decisão do Supremo Tribunal consolida uma luta de anos do movimento negro
e estimula a imprensa brasileira a estar mais atenta e mais sensível”, declarou
Angélica Basthi.

Durante o evento, a viúva de Abdias, Elisa Larkin, aproveitou para cobrar da
Fundação Palmares a criação de um memorial onde as cinzas de seu ex-marido
estão, no antigo quilombo Palmares, na Serra da Barriga (AL). “A lápide foi
removida do local e a muda da árvore baobá [que representa longevidade] foi
comida por formigas. Está tudo abandonado”, reclamou.

Direcionado a jornalistas, o Prêmio Abdias Nascimento distribuirá R$ 35 mil
reais para reportagens que abordem a temática racial no país, em sete
categorias, sendo uma delas direcionada a matérias sobre a situação da mulher
negra. As inscrições podem ser feitas por jornalistas com registro, a partir de
amanhã (11).

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