A primeira reunião do comitê executivo da Fifa após a Copa no Brasil deve ser marcada por dois gestos: a confirmação oficial de que o presidente Joseph Blatter disputará a reeleição em 2015 e a tentativa de minimizar a pressão sobre o futuro da Copa de 2022 no Qatar.
Os membros do comitê, formado por dirigentes de confederações, se reúnem em Zurique entre quinta (25) e sexta-feira (26).
Blatter já avisou que pretende usar o encontro para ratificar, perante os cartolas, sua candidatura para um quinto mandato à frente da entidade que dirige desde 1998.
O suíço fará o anúncio na presença do desafeto e presidente da Uefa, Michel Platini, integrante do comitê executivo e que no mês passado desistiu de disputar a presidência da Fifa.
Com base em relatórios técnicos, o encontro servirá ainda para a Fifa ressaltar o discurso de que a Copa vencida pela Alemanha no Maracanã foi um sucesso dentro e fora do campo. O presidente da CBF, José Maria Marin, e seu vice, Marco Polo Del Neto (membro do comitê executivo), estão em Zurique.
Será também a primeira reunião após o episódio, revelado pela mídia britânica, dos luxuosos relógios dados pela CBF aos 28 membros do comitê executivo durante a Copa no Brasil. Na semana passada, a Fifa determinou a devolução dos presentes, avaliados em R$ 62.500,00 cada um, até o dia 24 de outubro.
Platini atacou o comitê de ética e afirmou que não vai devolver o seu relógio. No máximo, vai doar o valor correspondente para uma instituição de caridade. Além dos membros do comitê executivo, representantes das 32 seleções que disputaram a Copa no Brasil ganharam o presente.
Na agenda das reuniões em Zurique, está previsto também um pronunciamento do xeque Salman bin Ebrahim Al Khalifa, presidente da Confederação Asiática de Futebol. Ele lidera a força-tarefa criada pela entidade para discutir possível mudança de datas da Copa de 2022, inicialmente marcada para junho e julho, no verão daquele país, para o inverno, em datas a escolher entre novembro e dezembro ou janeiro e fevereiro daquele ano.
Na última segunda-feira (22), o dirigente alemão Theo Zwanziger, membro do comitê executivo, afirmou não acreditar na realização do evento no país árabe por causa das altas temperaturas. A declaração, a poucos dias da reunião em Zurique, irritou Blatter e o secretário-geral, Jérôme Valcke, que acusam o cartola de ter expressado uma posição meramente pessoal.
Blatter e Valcke pretendem dizer, se questionados nesta semana, que a mudança de sede não está em discussão, mas apenas a provável alteração do calendário.
O encontro na Suíça será o primeiro após o fim da investigação feita pelo promotor americano Michael Garcia, chefe do comitê de ética, sobre possível compra de votos na escolha do Qatar como sede.
O relatório pede que “ações sejam tomadas contra certos indivíduos”, sem especificar nomes. A investigação de Garcia identifica falhas relacionadas a órgãos da entidade e faz recomendações sobre futuros processos de escolha de sedes. A Fifa não diz qual foi a conclusão do promotor e pretende mantê-la em sigilo. Caberá ao Comitê de Ética decidir sobre eventuais punições.