Em seu retorno à Bolívia, na quarta-feira (25), o Santos se deu mal. Jogando nos quase quatro mil metros de altitude de La Paz – onde já havia sido batido pelo The Strongest (BOL) na fase de grupos da Libertadores, o Peixe começou apático, encontrou-se e foi até inteligente taticamente na segunda etapa, mas sofreu com as bolas paradas do Bolívar (BOL) e acabou derrotado por 2 a 1, no jogo de ida do confronto, válido pelas oitavas de final.
A partida de volta será dia 10, na Vila Belmiro, e graças ao gol marcado fora de casa, o Alvinegro Praiano pode avançar com uma vitória simples (1 a 0) ou por pelo menos dois gols de diferença. Em caso de empate ou vitória santista por um gol e um mínimo de dois sofridos (3 a 2, 4 a 3…), a vaga será dos bolivianos. E apesar do Santos ter que correr atrás do resultado, o torcedor tem razões para acreditar – na pré-Libertadores de 2005, o Peixe foi derrotado pelo Bolívar em La Paz por 4 a 3, mas aplicou 6 a 0 em casa e avançou no torneio.
Ah, a altitude…
O Santos começou a partida sonolento, deixando escapar algumas bolas e perdendo várias divididas para os volantes do Bolívar. E logo no primeiro minuto, o time de La Paz chegou ao primeiro gol, em um lance que reuniu falha, altitude e sorte. Falha, por Rafael estar muito adiantado na hora em que Jhasmani Campos cobrou a falta direto para o gol. Altitude, pela velocidade que a bola ganhou após o arremate. E sorte, pelo chute do boliviano ter batido na trave e nas costas de Rafael, antes de morrer nas redes santistas.
Aos poucos, o Peixe começou a ir além do meio-campo com mais frequência, mas tanto pelas condições ruins do gramado no Hernando Siles como pelo apático momento santista, o time errava passes e não encontrava espaço para levar a bola até Neymar e Borges. O Bolívar, por sua vez, seguia apostando nos contra-ataques em velocidade e assustou aos 17 minutos, em um chute de fora da área de Rudy Cardozo, que passou à direita da trave de Rafael.
Com o passar dos minutos, o Santos começava a acuar o Bolívar, ainda que sem efetivamente chutar a gol, demonstrando que a saída para abrir a defesa boliviana teria mesmo que ser na bola parada. E aos 33, coube a Neymar, após deixar dois defensores da equipe de La Paz para trás e sofrer falta perigosa na entrada da área. Era tudo que o Peixe queria. Na cobrança, Elano bateu com precisão, Marcos Argüello rebateu na trave e, na sobra, Maranhão – recém-inscrito na Libertadores – soltou a bomba, empatando o jogo.
O gol sofrido fez com que o Bolívar voltasse a frequentar com mais assiduidade o campo santista. Aos 41, após uma bola perdida por Paulo Henrique Ganso no meio-campo, Damián Lizio arriscou de longe, mas mandou para fora. Pouco antes de intervalo, Campos sofreu falta dura de Edu Dracena na entrada da área e teve a chance de repetir o lance que culminou no primeiro gol, mas a cobrança não saiu boa e a bola passou rasteira, ao lado da baliza santista.
Mudança de estratégia
O Santos voltou para o segundo tempo com uma estratégia visivelmente diferente daquela da etapa inicial. Se antes a ideia era manter a bola no pé e se aproximar do gol, para os 45 minutos finais o Peixe optou em se fechar, aproveitar o “desespero” boliviano e jogar nos contra-ataques. O Bolívar, então, tomou conta da bola e da metade santista do gramado, enquanto o Alvinegro Praiano postou apenas Neymar e Borges do meio para frente – às vezes, só Neymar.
Mesmo assim, o time de La Paz encontrava dificuldades na criação e adotava (sem sucesso) os chutes de fora da área. A bola parada, outra estratégia dos bolivianos, ainda era a que fornecia mais perigo aos santistas. Aos 19 minutos, a equipe da casa assustou com Pablo Frontini, que subiu mais alto que Ganso e escorou por cima do gol de Rafael. O Santos só respondeu aos 28 minutos, quando após cobrança de falta de Neymar para a área, Edu Dracena escorou mas mandou ao lado da baliza de Argüello.
Mas a bola parada, mais uma vez, fez a diferença ao Bolívar. Aos 29 minutos, por meio de outro tiro livre, Campos bateu com efeito e colocou no canto direito de Rafael, recolocando o time de La Paz à frente. O gol incendiou a torcida, que se manifestou com gritos e muita festa – mas também com violência, atirando um objeto na boca de Neymar, fazendo até mesmo a polícia entrar em campo para proteger o atacante santista, que precisou ser atendido em campo.
O gol obrigou o Santos a abandonar a postura de contenção e sair mais para o jogo. Aos 40 minutos, o Peixe teve boa chance em contra-ataque iniciado por Arouca e que caiu nos pés de Neymar. O camisa 11 cortou o zagueiro e bateu firme, mas Argüello conseguiu espalmar para escanteio. O atacante alvinegro ainda liderou pelo menos mais duas investidas santistas, mas acabou bloqueado pela zaga do Bolívar, que se preocupou em segurar a vitória e a vantagem para o duelo na Vila Belmiro.
FICHA TÉCNICA
BOLÍVAR 2×1 SANTOS
Data: Quarta-feira, 25 de abril de 2012.
Local: Estádio Hernando Siles, em La Paz (Bolívia)
Horário: 22 horas
Gols: Jhasmany Campos (BOL), a 1 minuto do primeiro tempo e aos 29 minutos do segundo tempo; Maranhão (SAN), aos 33 minutos do primeiro tempo
Cartões amarelos: Pablo Frontini e Juan Arce (BOL); Rafael, Edu Dracena e Durval (SAN)
Árbitro: Enrique Osses (CHI)
Auxiliares: Francisco Mondia e Carlos Astroza (ambos CHI)
BOLÍVAR: Marcos Argüello; Edemir Rodríguez, Pablo Frontini, Gabriel Valverde e Lorgio Álvarez; Wálter Flores, Rudy Cardozo, Jhasmany Campos (Ronaldo Eguino) e Damián Lizio; Juan Arce y William Ferreira (Ever Cantero). Técnico: Ángel Guillhermo Hoyos.
SANTOS: Rafael; Maranhão, Edu Dracena, Durval e Juan; Arouca, Adriano, Elano (Ibson) e Paulo Henrique Ganso; Borges (Alan Kardec) e Neymar. Técnico: Muricy Ramalho.