A Reinvenção do Futebol analisa o inesquecível 7 a 1 para a Alemanha | Boqnews
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Documentário

06 DE JUNHO DE 2018

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A Reinvenção do Futebol analisa o inesquecível 7 a 1 para a Alemanha

A Reinvenção do Futebol Arte, dirigido por Eduardo Rajabally, analisa o impacto do trágico 7 a 1 na sociedade brasileira.

Por: Da Redação

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A vitória por 7 a 1 da Alemanha sobre o Brasil na última Copa ainda está marcada na mente dos fãs do futebol brasileiro.

E aquela partida, ocorrida no Mineirão, naquele fatídico 8 de julho de 2014, foi responsável por alterar a forma do brasileiro encarar a seleção canarinho, que tanto orgulho já trouxe aos brasileiros no século passado.

Após a derrota vexatória ocorrida em solo nacional, a CBF passou por mudanças – como a saída de dirigentes – alguns presos, outros com liberdade restrita, acusados por corrupção – e a própria comissão técnica.

Saiu Luiz Felipe Scolari, campeão mundial de 2002, entrou Tite, praticamente unanimidade.

A despeito da sua relação próxima com o Corinthians, time que o abriu as portas para chegar à seleção, graças aos títulos Mundial e da Libertadores, este último um sonho de consumo (e motivo de chacota) aos corintianos.

Reinvenção do Futebol Arte entrevistou dezenas de atletas, jornalistas e profissionais para analisar os impactos e os motivos do trágico 7 a 1 ocorrido na Copa de 2014 entre Brasil e Alemanha

Momento oportuno

Nesta entrevista, o diretor do documentário A Reinvenção do Futebol Arte e jornalista Eduardo Rajabally destaca a importância deste tema ser debatido, ainda mais às vésperas de uma nova Copa do Mundo, desta vez  na Rússia.

“Trata-se de uma análise histórica, contundente, bem humorada e polêmica sobre a crise do futebol brasileiro (evidenciada pelo 7 x 1) e os rumos do nosso País”, enfatiza.

O documentário traz entrevistas com a participação de jogadores alemães que estavam em campo naquela triste tarde, além de técnicos estrangeiros consagrados e outros famosos do mundo da bola internacional.

Além disso, foram entrevistados pensadores e analistas do setor para tentar encontrar o fio da meada que liga o futebol à sociedade brasileira.

“Ele é sério e divertido ao mesmo tempo”, analisa Rajabally.

 

Experiência

Rajabally tem ampla experiência profissional.

Foi premiado por documentários como Amazônia Desconhecida e Para Gostar de Ler , entre outros.

Carioca de nascimento e santista por adoção, o diretor também é professor do curso de Jornalismo na Universidade Santa Cecília, em Santos, no litoral paulista.

O filme será exibido nesta quarta (6), a partir das 19h30, na ESPN Brasil.

Bate-bola com Eduardo Rajabally

Boqnews.com – Qual o objetivo do documentário?
ER ​A Reinvenção do Futebol Arte investiga as origens da imagem ​do ‘País do Futebol’ que adotamos para nós, a forma como nós e o resto mundo sempre enxergaram o Brasil.

Essa íntima conexão que se criou aqui entre o futebol e os caminhos da nossa sociedade.

A partir da fatídica partida contra a Alemanha, o famoso e inesquecível 7×1, o filme parte em busca de respostas que expliquem o fracasso do nosso futebol e que remontam há décadas.

 

Quanto tempo durou e em quais locais o documentário foi filmado?
​ER O projeto durou quase dois anos, entre pesquisa, pré-produção, roteiro, filmagem, montagem e finalização.

Sabíamos que queríamos conversar com os europeus, entender como eles veem o nosso futebol, nosso estilo de jogo, seu declínio.

E, quem sabe, possível redenção.

Por isso fomos para a Europa ouvir alguns jogadores alemães que estavam em campo​ no 7×1, e que fizeram algumas revelações realmente interessantes sobre aquela partida.

Ouvimos outros jogadores, técnicos e dirigentes famosos do mundo da bola.

Viajamos para a Alemanha, Suíça e Inglaterra.

Aqui no Brasil, ouvimos formadores de opinião em São Paulo e no Rio.

 

Humor e polêmica

Como vc. resume o documentário?
ER – ​É um filme bem humorado, polêmico, contundente e que não tem medo de tomar uma posição logo de início.

Se um dia acreditamos que o Brasil era de fato o País do Futebol, será que essa imagem ainda corresponde à realidade?

E se não corresponde, o que nos resta?

Será que o fato de a história política e social do país e o futebol andarem tão unidos – a ponto de lembrarmos de muitos fatos do país sempre associados às copas do mundo que disputamos​ – foi prejudicial?

E porque o sonho do futebol arte apontado pelas mágicas conquistas de 58, 62 e 70 não se realizou para o Brasil?

Será que ficamos para trás e o mundo (e o futebol) evoluiu?

Essas e outras perguntas foram investigadas pelo documentário.

 

Ele será inicialmente exibido na ESPN Brasil ou também em outros canais? Passará nos cinemas também?
ER – O filme é uma co-produção da Gullane e ESPN.

Será exibido nos canais ESPN.

Mas é possível, pela abrangência do tema, que seja exibido em festivais pelo mundo.

 

Entrevistados

Quem o público vai encontrar no documentário?
ER – Entre os entrevistados internacionais estão alguns jogadores da seleção alemã, como o goleiro Neuer, jogadores como Ribery e Rafinha, do Bayern de Munique, e Boateng.

Técnicos como Carlo Ancelotti e José Mourinho, jornalistas da inglaterra, como Andrew Jennings, que revelou os escândalos de corrupção na Fifa e na CBF.

No Brasil, gente como Marcelo Tas, Zé Miguel Wisnik, Soninha, Nuno Ramos, Tite, Gregório Duvivier.

E ainda: Mariliz Pereira Jorge, Luis Felipe Pondé, Ugo Giorgetti.

E também: Ronaldo Jorge Helal e Bernardo Buarque de Holanda.

Um time bem eclético.

 

Atual seleção

Vc. acredita que a atual seleção  vai entrar com o peso do 7 a 1?
ER – Somos o país com as maiores conquistas e a maior e mais humilhante derrota na história.

Esse movimento pendular evidencia bem o caráter bipolar da nossa cultura, do brasileiro, que em questão de segundos vai do delírio e da glória ufanista ao desespero e pessimismo total.​

Assim, acho que o fantasma do 7×1, embora bem diferente das tragédias de 50 e 82, será sempre uma sombra.

Ainda que, às vezes, levada com mais humor e ironia do que os traumas do passado.

 

Quais foram as maiores dificuldades e quem ficou de fora (se houve, é claro) do material – entrevistas?
ER Produzir e agendar as entrevistas com pessoas tão famosas na Europa foi um verdadeiro desafio. ​

Num segundo momento, conseguir acesso a elas e finalmente filmar a conversa.

Tudo muito complexo, difícil e caro.

Gostaríamos de ter tido mais tempo e recursos para incluir outras estrelas do futebol mundial.

Quem sabe numa próxima.

 

A CBF se posicionou sobre o assunto?
ER – Não consultamos a CBF.​

 

CBF e Brasil

De que forma podemos relacionar os desmandos da CBF com a própria situação política nacional?
​ER A partir do final dos anos 80, futebol virou um negócio de muitos milhões – bilhões até.

A Europa percebeu ​esse potencial muito antes de nós e o dinheiro deles possibilitou que evoluíssem muito, formando melhores times, com os melhores jogadores, mais avanços táticos, físicos e técnicos.

Mais tecnologia e ciência aplicada ao futebol.

Além disso, o intercâmbio com jogadores de todas as partes do mundo, principalmente brasileiros, fez com que melhorassem tecnicamente.

Por outro lado, com todos os melhores jogadores jogando tão próximos, o nível praticamente se equiparou e a distância entre o nosso futebol e o deles diminuiu.

Todo esse crescimento na Europa e os milhões investidos nos garotos do Brasil atraíram a pior espécie de dirigentes no país, em total sincronia com o tipo de política que sempre se fez por aqui livremente.

A bagunça, a falta de planejamento, o coronelismo e a corrupção desenfreada no nosso futebol nos atrasaram décadas.

Estamos agora correndo atrás do tempo perdido…

Em síntese, A Reivenção do Futebol Arte é um retrato do Brasil atual?

ER ​Bom, hoje vejo A Reinvenção do Futebol Arte como um filme de protesto (risos).

Ao mesmo tempo, sempre vale olhar para nossa própria cultura com olhar crítico, ainda que com os profundos laços emocionais que o futebol desperta em quase todos nós.

As copas, as conquistas, as jogadas e os gols trazem muitas lembranças para a maioria dos brasileiros.

Futebol e Brasil são indissociáveis.

No entanto, hoje já não há aquele clima de “vida ou morte” que costumava cercar um jogo da seleção brasileira.

E isso pode ser um bom sinal…

 

Ficha técnica

 “A Reinvenção do Futebol Arte”: 
Produção Executiva: Caio Gullane e Cláudia Buschel
Roteiro: Gui Stockler
Fotografia principal: Rodrigo Menck
Montagem: Leon Mosditchian
Narração: Augusto Madeira
Produção: Gullane
Direção: Eduardo Rajabally

 

 

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