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01 DE SETEMBRO DE 2025

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Benedito Calixto, o expoente pintor da Baixada Santista

O artista é considerado referência para se entender, com pinturas e gravuras, a geografia da cidade de Santos e região no passado

Por: Ronaldo Tarallo Junior
Da Redação

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Quando se fala em retratos, pinturas ou gravuras da Baixada Santista, logo se vem à cabeça as obras de Benedito Calixto.

O artista, apesar de não ser santista de nascimento, virou santista de coração.

Assim, o pintor é referência com suas obras quando o assunto é entender como era Santos e suas ruas em seus primórdios, no final do império e início da república.

Portanto, a terra da caridade soube reconhecer a importância daquele que é considerado uma das maiores figuras da pintura brasileira do início do século XX.

Por isso, hoje dedica uma praça e uma pinacoteca em sua homenagem.

QUEM FOI BENEDITO CALIXTO?

Benedito Calixto de Jesus nasceu em Itanhaém (SP), no dia 14 de outubro de 1853.

Faleceu em São Paulo (SP), no dia 31 de maio de 1927.

Dessa forma, se notabilizou como pintor, desenhista, fotógrafo, professor, historiador, decorador, cartógrafo e astrônomo amador brasileiro

Desde muito jovem Calixto demonstrava sua tendência para pintura, mudando-se em 1881 para Santos, onde se inspirou para diversos quadros.

Assim, a elite Santista ficou tão impressionada com o trabalho do pintor que a Associação Comercial de Santos (ACS) patrocinou uma bolsa de estudos na Académie Julien, em Paris (FRA), tendo como mestres Gustave Boulanger, Lefebvre e Robert Fleury.

TEMÁTICA HISTÓRICA

No entanto, destacou-se em sua carreira por obras de temática histórica, religiosa e documentarista.

Tamanho apreço pelo tema o fez se tornar sócio do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo (IHGSP) e ser um dos sócios fundadores do Instituto Histórico e Geográfico de Santos (IHGS).

Da mesma forma, elaborou estudos que deram origem a um dos principais mapas que buscam reconstruir o processo de urbanização da cidade de Santos.

Calixto possuía amplo conhecimento sobre o litoral paulista, e atuou como cartógrafo, desenhando mapas de Santos.

Como historiador, escreveu sobre as capitanias paulistas de Itanhaém e São Vicente

Foi agraciado com a Comenda da Ordem de São Silvestre pelo Papa Pio X. Suas obras estão espalhadas pelo interior paulista, São Paulo e Rio de Janeiro (RJ).

Em Santos, elas podem ser vistas na Bolsa de Café, Associação Comercial, Prefeitura, Câmara Municipal, Instituto Histórico e Geográfico e Pinacoteca que leva seu nome.

Sua obra de maior destaque foi a “Inundação da Várzea do Carmo” (1892).

Também fez trabalhos sacros em diversas igrejas e conventos do país, sendo o último deles na Catedral de Santos em 1927.

Quando faleceu, estava em negociações com o Arcebispo de São Paulo, D. Duarte Leopoldino e Silva, para realizar a decoração da Capela do Carmelo e com os frades capuchinhos, para a decoração da Igreja da Imaculada Conceição, ambos em São Paulo.

PINACOTECA BENEDITO CALIXTO

No início do século XX, muitas famílias abastadas migraram do centro de Santos para a orla, buscando melhor qualidade de vida.

Entre essas famílias estava a de Anton Carl Dick, empresário alemão dono de um curtume, que em 1908 construiu sua residência à beira-mar, na então Avenida da Barra.

Em 1911, o casarão foi vendido ao exportador de café Francisco da Costa Pires, que permaneceu até 1913.

Na sequência, o imóvel abrigou o Asilo dos Inválidos por oito anos, passando por algumas modificações.

Em 1921, Pires readquiriu a propriedade e realizou uma grande reforma, incorporando elementos Art Nouveau, mármore de Carrara, vitrais da Casa Conrado e jardins franceses.

Entre 1923 e 1935, o casarão viveu seu auge, mas em 1936 foi vendido à Companhia Sul-Americana de Capitalização, que o transformou em um pensionato para moças.

Anos depois, foi adquirido pelo espanhol Antônio Canero, que fez fortuna com ferro-velho e ali viveu com a família até 1978. Após sua morte, divergências entre os herdeiros deixaram o destino do imóvel indefinido.

Em 1979, a prefeitura declarou o casarão de utilidade pública, mas disputas e indefinições levaram à sua ocupação irregular, transformando-o em um cortiço com cerca de 24 famílias.

Diversos projetos foram propostos até que, em 1986, a Fundação Pinacoteca Benedicto Calixto foi criada, e o casarão foi destinado a abrigar a instituição.

Após cuidadosa restauração, a Pinacoteca foi inaugurada em 4 de abril de 1992. Em 2012, o imóvel foi tombado pelo CONDEPASA, sendo reconhecido como o último exemplar remanescente dos casarões da época áurea do café na região.

BENEDITO OU BENEDICTO?

A grafia de seu nome é mais um caso de mudança por atualização e reformas da língua portuguesa.

No período em que viveu era comum em nossa grafia colocar letras “mudas” em nomes, alguns perpetuam até hoje como Victor/Vitor, Victoria/Vitoria.

No entanto, Calixto foi registrado sem a letra “C”, mas em algumas publicações sobre ele a consoante foi adicionada e até na fundação que leva seu nome a grafia é Benedicto. Sendo assim, ambas as escritas são aceitas.

A PRAÇA

No dia 16 de julho de 1927, pouco mais de um mês após sua morte, o então prefeito J. de Sousa Dantas assinou a lei 813 que determinava que a Praça 404 passasse a levar o nome do pintor e que o túmulo em que seu corpo está enterrado no cemitério do Paquetá, se tornasse perpétuo.

A Praça com pouco mais de 200m², também é conhecida como a praça da igreja que dá nome ao bairro, Pompéia.

Na Baixada Santista, apenas as cidades de Bertioga, Cubatão e Guarujá não dão o nome do artista a uma de suas vias, já a cidade de São Vicente nomeia Calixto em uma Avenida e em uma Rua.

 

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