Evento motiva recordações | Boqnews

ETC

05 DE FEVEREIRO DE 2010

Siga-nos no Google Notícias!

Evento motiva recordações

A capacidade da memória humana ainda é desconhecida, embora os cientistas, ano após ano, surpreendam-se com a imensa capacidade que temos em arquivar lembranças, olhares e momentos, em meio às incessantes correrias e problemas dos dias atuais. Em épocas de festa como o Carnaval, tais memórias ganham incentivo e retornam ao menor soar de um […]

Por: Da Redação

array(1) {
  ["tipo"]=>
  int(27)
}

A capacidade da memória humana ainda é desconhecida, embora os cientistas, ano após ano, surpreendam-se com a imensa capacidade que temos em arquivar lembranças, olhares e momentos, em meio às incessantes correrias e problemas dos dias atuais. Em épocas de festa como o Carnaval, tais memórias ganham incentivo e retornam ao menor soar de um tamborim, mesmo que, com o passar dos anos, as festividades tenham sofrido mudanças que, na visão de foliões “das antigas”, foram negativas à tradição da festa.



“O Carnaval jamais irá desaparecer de nosso cenário no mês de fevereiro. Enquanto houver foliões em nosso meio, sempre irá existir o reinado de Momo”, brada o carnavalesco Sefarim Maia, de 80 anos e muitas lembranças, sendo uma delas, especial: a referente ao tradicional Banho de Mar da Dona Doroteia.

Composto apenas por homens, a fanfarra tinha uma peculiaridade: todos brincavam travestido de mulheres. Segundo Maia, o banho foi idealizado por associados e foliões do Clube de Regatas Saldanha da Gama, nos anos 20, após eles assistirem, no Theatro Guarany, a peça “Dona Doroteia, Vamos Furar Aquela Onda?”, do jornalista e teatrólogo Chico Sá. “Quando terminou o espetáculo, eles criaram a festa, que durou por mais de 60 anos e que nunca será igualada na Cidade”, exclama. “Outros locais, mesmo da região, tentaram copiar, mas não houve o mesmo sucesso”, recorda ele, que é saxofonista há mais de 30 anos na Banda do Boqueirão.



Na ocasião, lembra Serafim Maia, o corso era iniciado na frente do Aquário Municipal, na Ponta da Praia, seguindo até o Saldanha da Gama, com diversas bandas acompanhando a festa. “Era uma mais animada que a outra”, exalta. Em 1956, segundo o Novo Milênio, 22 bandas chegaram a participar do Banho da Doroteia, sempre com os participantes, em sua maioria, vestidos como mulheres, com calções de banho por baixo das roupas, para, no fim do desfile, todos mergulharem no mar.

Quem não vinha de mulher, vestia-se como político, para satirizar a classe. Nessa época, a festividade já havia ganho patamar de destaque em Santos, tendo apoio da Secretaria Municipal de Turismo, e mesmo quando não era realizado em outros locais da Cidade — o desfile já passou por Gonzaga e Boqueirão — era encerrado com o mergulho nas águas da Ponta da Praia.

Dentre as bandas que faziam sucesso na época, praticamente todas participavam da festa. “Tinha a banda do Maestro Bilú, que puxava o bloco Nereidas do Tricolor (do Clube de Regatas Saldanha da Gama). Havia também o bloco Cruz de Malta, do Vasco, que tinha o Haroldo Moura e sua orquestra Columbia; e o bloco carnavalesco Agora Vai, com J.Pinto e sua banda”, recorda Maia, sem esquecer dos tradicionais Dengosas do Marapé – “com o lendário Cabral Júnior e seus cubancheiros”, lembra -; Bloco das Esmeraldas (do Clube Atlético Santista), Chineses do Mercado, Romanos do Campo Grande, Muleques de Rua, Embaixada de Santa Thereza e Favoritas do Sultão — homenageada no Carnabonde no ano passado.

No final dos anos 60, no entanto, o Banho da Dona Doroteia apresentou os primeiros indícios de decadência, chegando a ficar quatro anos (de 1967 a 1970) sem ser realizado. Tabus foram quebrados, com a permissão a entrada de mulheres, mas não foi suficiente para reativar a força da tradicional festa carnavalesca. A realidade, todavia, não se restringiu somente ao evento, e acometeu outras festas carnavalescas pela Cidade.

Serafim Maia, porém, vê uma luz no fim do túnel. “Poucos clubes hoje realizam o velho e saudoso Carnaval. Somente o Saldanha e o Sírio Libanês, mas parece que as bandas dos bairros estão começando a reanimar. Caso da Banda da Frei Gaspar, no Centro, que comemora seus 30 anos; das banda do Jô (Marapé), do Véio (São Vicente) e a nossa tradicional Banda do Boqueirão, animada pelo maestro Oscar Guzella, e que busca mostrar a toda família – idoso, jovem e criança – um pouco do inesquecível Carnaval das antigas”, finaliza.

Notícias relacionadas

ENFOQUE JORNAL E EDITORA © TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

desenvolvido por:
Este site usa cookies para personalizar conteúdo e analisar o tráfego do site. Conheça a nossa Política de Cookies.