Aos olhos do próprio autor, é o melhor trabalho de sua autoria. Nas palavras de Dag Hammarskjold, secretário-geral das Nações Unidas (ONU) em 1957, é a mais importante obra de arte monumental doada à entidade. Trata-se de Guerra e Paz, últimos — e mais importantes — paineis produzidos por aquele que é considerado o maior pintor brasileiro, Cândido Portinari, e que até 20 de maio estão em exposição no Memorial da América Latina, na Capital, diariamente das 9 às 18 horas. A mostra é inédita, já que é a primeira vez que os paineis deixam a entrada da Assembleia Geral da ONU, onde estão desde 1957. E o sucesso tem sido avassalador: até a última semana, mais de 120 mil pessoas já visitaram o trabalho.
Os tons escuros do painel “Guerra” chamam atenção para o desespero dos personagens retratados na imagem. Foto: Elaine Saraiva |
Os paineis levaram quatro anos para serem concluídos por Portinari, com a agravante de que quando iniciou a pintura — encomendada pelo governo brasileiro para que fosse encaminhada à ONU — o artista já estava impossibilitado de trabalhar por recomendação médica. No Brasil desde 2010 (quando teve início a reforma no prédio das Nações Unidas), Guerra e Paz foi inicialmente exposto no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, mesmo local onde fora apresentado pela primeira vez após sua conclusão. E a ideia do Projeto Portinari é que a exposição transite de forma itinerante pelo País até 2013.
Além de admirar a obra máxima de Portinari, os visitantes ainda podem conhecer todos os estudos feitos pelo pintor para o desenvolvimento dos paineis. São rascunhos de vários detalhes do quadro, como o coral de crianças, as mães segurando os filhos mortos e os animais que enriquecem o cenário de trevas (Guerra) e luz (Paz). Há também recortes de jornais com matérias do período em que Portinari iniciou a pintura da obra até o momento em que a mesma foi levada para a ONU. Por fim, na biblioteca do Memorial, há a projeção de mais de 5 mil trabalhos do artista projetados em sequência, que variam desde as famosas obras sobre retirantes a retratos pintados a amigos e parentes.
Demais trabalhos de Portinari podem ser vistos em uma sala com projeções, também no Memorial. Foto: Elaine Saraiva |
Serviço
O Memorial da América Latina fica na Avenida Auro Soares de Moura Andrade, 664, logo na saída da Estação Barra Funda. Para quem vai de ônibus, a recomendação é tomar o metrô na Estação Jabaquara (linha azul) — o bilhete custa R$ 3,00 — e descer na Estação Luz para fazer a baldeação, que é gratuita, até a Barra Funda (que é o ponto final da linha vermelha). Já para os que vão de carro, a dica é pegar a Avenida Bandeirantes, seguir pelas avenidas Rubem Berta e Vinte e Três de Maio, tomar a Radial Leste e, em seguida, o Elevado Costa e Silva, até a Rua Marta. Depois, virar a esquerda até a Rua Tagipuru e contornar a direita na Rua Doutor Alfredo de Castro, até a Auro Soares de Moura Andrade. O estacionamento, que fica logo na entrada do Memorial, custa R$ 5,00.