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12 DE FEVEREIRO DE 2010

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O Rei é só alegria!

Há nove anos substituindo a consagrada realeza do carnaval santista – Waldemar Esteves da Cunha – o estivador Darwin Ferreira, conhecido como ‘Babi’ (essa era a forma com que seu irmão mais novo o chamava, pois tinha dificuldades em falar e pronunciar corretamente o homônimo do pai da evolução e seleção natural das espécies), mostra-se […]

Por: Da Redação

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Há nove anos substituindo a consagrada realeza do carnaval santista – Waldemar Esteves da Cunha – o estivador Darwin Ferreira, conhecido como ‘Babi’ (essa era a forma com que seu irmão mais novo o chamava, pois tinha dificuldades em falar e pronunciar corretamente o homônimo do pai da evolução e seleção natural das espécies), mostra-se orgulhoso. A princípio, de ter a possibilidade de desfilar com apenas dez anos na X-9, escola de samba da Cidade mais antiga em atividade no Carnaval. Era o ‘baliza’ da agremiação – componente extinto do carnaval contemporâneo, que representava a apresentação da escola antes mesmo do carro abre-alas. O que equivale, portanto, à comissão de frente.

“Sofríamos preconceito na época”, relembra Babi. “As escolas de samba eram consideradas coisas de marginal, de mulher da vida. Só os blocos eram consagrados”. E com a ascensão da popularidade dos desfiles das escolas de samba em Santos, ele nunca abandonou a X-9. Tanto que, até hoje, é presidente do conselho fiscal da agremiação. Ele também já passou pela escola Brasil, atualmente, a segunda escola mais antiga em atividade.



Mas o orgulho maior não é apenas desfilar pelas escolas – principalmente mostrar o samba no pé. São os seus 145 kg. Afinal de contas, ele é o Rei Momo do Carnaval santista. E ele confessa que, por trás do glamour do samba, sempre quis ser a majestade da folia. “Acho que o Rei Momo possui uma responsabilidade grande, que vai além da simpatia e do carisma. Ele tem a realeza do Carnaval, mas o segredo é não querer ser tratado como realeza”. O exemplo de Babi é simples e traz no imaginário infantil que tem afinidade com o Carnaval. “Em todo lugar que sou chamado, seja nas escolas de samba como nos blocos, a comida é oferecida para mim e minha realeza. Mas tenho uma responsabilidade social. As crianças ficam vendo e ficam com vontade, por exemplo, de comer. E eu nunca neguei comida, eu as chamo para curtir o banquete”.

E por falar em banquete, para Babi, o carnaval santista está começando a ficar bem servido, desde o retorno dos desfiles em 2006. Os motivos são diversos. A volta da comunidade para apoiar as agremiações dos bairros é um deles. O rei momo também elogia as novas agremiações que foram pleiteantes no ano passado – como a Vila Mathias (campeã na categoria) e a Mocidade Dependente do Samba, ambas criadas em 2008, e que, neste carnaval, vão desfilar no Grupo de Acesso, já que antes só havia o Grupo Especial e nenhuma escola caía, mesmo ficando em penúltimo ou último lugar. “Elas têm uma equipe de dirigentes nova, mas extremamente competente. O melhor de tudo é que percebi que eles querem crescer. Lógico que é importante a experiência de dirigentes e carnavalescos em escolas como a União Imperial e a Padre Paulo, por exemplo”, diz Babi, que ainda alfineta as escolas mais tradicionais. “Os membros precisam ser mais humildes, o que com certeza acontece com as escolas mais jovens. E elas ainda querem depender apenas do Poder Público, o que é extremamente errado. Não se faz um espetáculo bonito só com o dinheiro da Prefeitura”.

Na opinião de Babi, a disputa entre as escolas de samba será acirrada. Ele diz só não arriscar um palpite porque, parafraseado uma frase futebolística, ‘ensaio é ensaio, desfile é desfile’. “Tem escolas que você olha o ensaio e não diz nada, acha até mesmo que está extremamente desorganizada. Mas na hora do desfile, a coisa muda de figura”. Mesmo assim, ele se mostra imparcial. “Não é porque sou da X-9 que não sei reconhecer uma verdadeira campeã. Ano passado, a Amazonense foi a vencedora e, antes mesmo da apuração, eu falei para a Imprensa que ela seria campeã, porque o trabalho deles foi fantástico. Aliás, eu não duvido que ela possa ser bicampeã”, palpita.

Passarela Dráusio da Cruz
A única ressalva feita pelo rei momo é a necessidade de construir de forma fixa a passarela do samba. O que, na verdade, é algo que, por unanimidade, todos os dirigentes das agremiações concordam. Mas em entrevista ao Jornal Boqueirão, o secretário de Cultura, Carlos Pinto, disse que construir a Passarela de forma definitiva não está nos planos para os próximos anos. O Rei Momo explica que essa posição também se deve não a construção em si, mas às divergências estão no local onde deve ser construído. Muitas agremiações acreditam que a Dráusio da Cruz, localizada na Zona Noroeste de Santos, não é o local mais adequado porque não atrairia público, e dificultaria o acesso de escolas que não têm a sede na região. “Isso é uma grande besteira. No Rio, por exemplo, há diversas escolas de outras cidades do Estado, como a Viradouro, Porto da Pedra e Império Serrano que não deixam de sair só porque não são da capital”, diz, indignado.

Blocos
Mesmo mostrando nostalgia ao relembrar blocos famosos de Santos, como o Banho da Doroteia, sucesso nos anos 60, Babi elogia os blocos e bandas, como o Carnabonde e o Carnabanda. “Os blocos eram mais fortes na época, porque não havia tanta violência. Hoje, os blocos são feitos por bairros, então o percurso é menor do que antes. Mas devo dizer que fiquei satisfeito com a organização e a folia que levaram. O pessoal da Cidade mostrou animação. Fui recebido como a Corte da Rainha Elisabeth”, brinca Babi.

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