Se fosse uma cidade, o total de moradores residentes nas 191 favelas da Baixada Santista ocuparia o 26º lugar entre os municípios paulistas.
Afinal, residem nas comunidades dos nove municípios da Baixada Santista 313.194 pessoas.
Ou seja, 17,34% da população da região reside em comunidades periféricas.
É mais que o dobro da média nacional.
Afinal, 8,07% dos brasileiros moram em 12.348 favelas ou comunidades urbanas, totalizando 16.390.815 pessoas.
Só no Estado de São Paulo são 3.123 comunidades/favelas.
Portanto, como a Baixada Santista representa 4% dos eleitores e da população dentro do Estado de São Paulo, em termos de moradores em favelas, os números regionais são mais que o dobro: 8,6%.
Se a média fosse mantida na mesma proporção da população metropolitana, a região teria cerca de 150 mil moradores em favelas – menos que o dobro dos números atuais.
Os dados integram levantamento do Censo IBGE, divulgados no final do ano passado.
Os números de moradores de favelas são tão relevantes que superam a população de 6 das 9 cidades da região metropolitana – perdendo apenas do total de munícipes de Santos, Praia Grande e São Vicente.
Por cidades
Na região, Guarujá é a cidade com o maior percentual de moradores residindo em áreas periféricas (favelas ou comunidades urbanas).
São 106.010 pessoas de um total de 287.634 moradores. Em termos proporcionais, 36,86%.
As 55 comunidades de Guarujá representam 24,57% do total de domicílios no município.
A diferença se deve pelo fato da cidade ter milhares de imóveis usados para fins de veraneio ou para temporada.
Algo que não ocorre em Cubatão, a vice-líder no total de pessoas residindo em favelas em termos proporcionais.
A cidade tem 112.476 moradores, sendo 36.724 residindo em favelas (32,65%).
E o total de submoradias representa 32,72%, números praticamente idênticos, o que explica a ausência de moradias de veraneio.
Terceira maior cidade da região, São Vicente também tem número significativo de moradores em comunidades, com 25,96% da população residindo em más condições (85.652 de um total de 329.911 moradores).
Chama atenção a cidade de Bertioga, fundada há pouco mais de 30 anos, e que já ostenta 16.400 moradores residindo em 24 favelas (25,55% do total de 64.188 munícipes).
Fruto do desenvolvimento, especialmente da construção civil voltada às classes mais abastadas que, sem uma política habitacional consistente, permite esta dura realidade.
Santos
Cidade polo da Baixada Santista e com um dos maiores IDHs – Índice de Desenvolvimento Humano, Santos tem 11,05% da sua população de 418.608 moradores residindo em favelas ou comunidades.
Em números, são 46.262 pessoas.
Se fosse uma cidade paulista, ficaria em 147º lugar de um total de 645 municípios.
No total de 46 favelas, elas representam 9,23% do total de domicílios na Cidade.
Praia Grande, por sua vez, cuja taxa de crescimento é uma das maiores do Brasil, tem obtido relativo sucesso em ações na área habitacional.
Conforme o Censo, dos 349.935 moradores, 21.315 (6,09%) vivem nas 12 favelas do município – representando 3,19% do total de moradias, número reduzido, ressalve-se, em razão do elevado volume de residências, especialmente para temporada.
Raça
Fica clara a relação entre a raça e as submoradias (favelas e comunidades).
Pelo Censo, 52,18% dos moradores brasileiros de favelas são pardos, 34,35% brancos e 13,24% negros.
Os demais são indígenas e asiáticos – mas com números insignificantes dentro do contexto.
Portanto, pretos e pardos representam 2/3 do total de moradores em favelas ou comunidades no Brasil.
Aliás, cenário não muito diferente das cidades da região.
Afinal, as cidades que apresentam os maiores índices de pessoas morando na periferia têm o maior número de moradores pardos ou pretos.
Caso de Guarujá, com 57,7% da sua população (48,2% pardos e 9,5% pretos) – a cidade tem 36,9% dos moradores residindo nas periferias.
E Cubatão, com 60,4% dos moradores negros e pardos e 36.724 residindo em favelas (32,65%).
São Vicente conta com 53,3% do total de moradores negros ou pardos (177 mil).
Por sua vez, a cidade tem 26% da sua população residindo nas periferias.
Assim, Praia Grande tem 52,1% da sua população branca – e 6,1% vivendo em favelas.
Santos lidera, em termos propocionais, com população branca – 2/3 (67,5%).
Porém, 11,1% dos santistas vivem em favelas (46.262 pessoas).

Ivo Miguel: “Populações menos favorecidas, onde se concentram os afrodescendentes, estão migrando para os centros menos privilegiados”. Foto: Carla Nascimento
Análises
O coordenador da Igualdade Racional da Prefeitura de Santos, Ivo Miguel Evangelista, tem explicação técnica sobre os números.
“As populações menos favorecidas, onde se concentram os afrodescendentes, estão migrando para os centros menos privilegiados”, enfatiza.
“Há um claro processo migratório para lugares menos favorecidos. Não estamos nas esferas de fato e de direito. Hoje, o advento das cotas é um processo de reparação”, explica.

Deraldo Silva defende a força das comunidades na geração de negócios e oportunidades. Foto: Carla Nascimento/Arquivo
Negócios
Presidente da Cufa da Baixada Santista, Deraldo Silva, aposta na potencialidade do setor produtivo nas comunidades, gerando bilhões em negócios e oportunidades.
“O que era estigma a gente quer transformar em carisma. Mostrar que favela é potência”, enfatiza.
Assim, a Cufa tem contribuído para o fortalecimento do empreendedorismo nas comunidades, gerando empregos, negócios e renda.
“A pandemia provou a força das comunidades. Enquanto muitos ficavam em casa, o pessoal da periferia foi para as ruas para dar continuidade às atividades do dia a dia”, ressalta.
“Assim, muitos acabaram empreendendo e construindo uma nova história”, destaca, enfatizando a força do empreendedorismo nas comunidades.
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