Desde que iniciou sua atividade política como estudante nos anos 70 chegando à presidência da UNE – União Nacional dos Estudantes e depois à presidência da Câmara Federal 25 anos depois (2005-2007), Aldo Rebelo sempre buscou o equilíbrio, sem extremismos.
O tempo comprova esta visão, a despeito de sua história estar associada por anos ao PCdoB, partido que deixou em 2018, após breve passagem pelo PSB e Cidadania.
Rebelo construiu uma carreira política sólida e respeitada, inclusive por seus adversários.
Tanto que ele mantém contatos com políticos de todas as vertentes de forma rotineira.
No dia 28, por exemplo, encontra-se com o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB).
Aliás, experiência não lhe falta.
Afinal, foi ministro em quatro pastas nos governos Lula e Dilma Rousseff: Secretaria de Coordenação Política e Relações Institucionais, Defesa, Esportes, e Ciência e Tecnologia.
Após ter sido convidado tanto pelo PSB e depois pelo Cidadania para sair candidato à presidência em 2018, algo que não ocorreu, Rebelo coloca seu nome como pré-candidato para o cargo em 2022. (está sem partido no momento).
“Minha pré-candidatura surge para colocar em pauta uma agenda para debater o País, sem extremismos”, defende.
“O Brasil precisa de uma agenda. E não de 3ª via”, resume.
“Minha candidatura não é anti ninguém, mas pela volta do crescimento da economia, redução das desigualdades e valorização da democracia”, salienta.
Portanto, sua participação no processo eleitoral deve-se ao apoio que tem recebido de segmentos da sociedade, como sindicalistas, empresários, militares e outros setores.
Rebelo participou do Jornal Enfoque – Manhã de Notícias desta quinta (19), apresentado pelo jornalista Francisco La Scala.

O ex-ministro e presidente da Câmara Federal, Aldo Rebelo, concedeu entrevista ao jornalista Francisco La Scala. Foto: Carla Nascimento
O Quinto Movimento
Dessa forma, esta visão anti-dicotômica está clara na apresentação do seu quarto livro, O Quinto Movimento – Propostas para uma Construção Inacabada, recém-lançado.
“Centralidade da Questão Nacional é a volta do desenvolvimento econômico, científico, tecnológico, social, combinados com a projeção de poder diplomático e militar em harmonia com nossas legítimas aspirações nacionais”, escreveu.
“Tal objetivo exige coesão nacional e social incompatíveis com a desorientação de grupos de ‘direita’ e de ‘esquerda’ que convertem o Brasil em arena de disputa de teses importantes sobre comportamento, costumes e doutrinas geopolíticas alheias aos problemas brasileiros”, resumiu em sua nova obra.
Além disso, Rebelo destacou que os propósitos que o levam a lançar sua pré-candidatura são os mesmos desde os tempos juvenis: o nacionalismo libertário, em defesa do desenvolvimento do País; a justiça social e a luta pela democracia.
“Estes conceitos são imutáveis”, define.
Portanto, o livro, segundo Rebelo, representa uma experiência de meio século sobre a análise do Brasil e os caminhos a serem trilhados.
Dessa forma, a publicação (foto) é dividida em 21 capítulos ao longo de três partes: A Origem das Ideias, Os Quatro Movimentos que Construíram o Brasil e o Quinto Movimento: Propostas para uma Construção Inacabada.
Forças Armadas
Na entrevista, o ex-ministro da Defesa falou sobre a relação das Forças Armadas com o governo Bolsonaro.
“As Forças Armadas são instituições do Estado, subordinadas à Constituição. Não creio que ele conseguirá êxito para que elas ultrapassem o limite do dever constitucional”, ressalta.
“Não vejo risco das Forças Armadas embarcarem em qualquer tipo de aventura”, acrescenta.
Meio Ambiente
Relator do Código Florestal, Aldo Rebelo esclarece alguns ‘mitos’ sobre a preservação ambiental no Brasil.
“Há uma profunda desinformação sobre o tema, que gera profunda injustiça”, salienta.
Assim, ele aponta que o Brasil tem o Código Florestal mais rigoroso do planeta, reconhecido internacionalmente.
Cita, por exemplo, o estado do Amapá, onde 80% do território é formado por parques nacionais e áreas indígenas.
“E dos 20% restantes, 80% são para proteção ambiental. Ou seja, no máximo, o estado tem 5% do total de área que pode ser usado”, salienta.
Portanto, situação bem diferente, conforme ele, de outros países, como Estados Unidos e os da Europa.
“Lá, 100% da área disponível é para agricultura”, diz.
Dessa forma, ele reserva capítulos específicos no livro para temas como agricultura, pecuária e a agroindústria, além da Amazônia, questões indígenas e o meio ambiente em si.
5 G
Como ex-ministro de Ciência e Tecnologia, Rebelo lamenta a ideologização sobre o 5G, em discussão para implantação do País.
Além disso, ele critica a posição do governo Bolsonaro em lidar com o tema, a despeito da tecnologia chinesa 5G ser a mais avançada no mercado.
“Tecnologia não tem ideologia”, salienta.
O Tribunal de Contas da União (TCU) formou nesta quarta (18) maioria de votos a favor da aprovação do edital do leilão do 5G.
Por sua vez, o tema voltará para pauta na próxima semana.
Depois, o edital deverá ser encaminhado para a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), órgão que será responsável pelo leilão.
Dessa forma, a previsão é a nova tecnologia, que vai revolucionar a internet no País, esteja em funcionamento a partir de julho de 2022.
Governo do Estado
Além disso, o ex-ministro também avaliou o cenário eleitoral em São Paulo, a qual ele considera muito aberto, em razão dos nomes que devem surgir na disputa.
“Será mais disputado que o Paulistão”, brincou.