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12 DE MAIO DE 2021

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Após 15 anos, massacres dos Crimes de Maio continuam sem respostas

Há 15 anos, centenas de jovens, vários deles sem passagem pela polícia, foram assassinados sem que até hoje os culpados fossem presos. Na Baixada, foram mais de 70.

Por: Da Redação

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Há exatos 15 anos, uma série de assassinatos ocorreram no Estado em uma guerra entre o Estado e o PCC, com morte de policiais, mas também de 564  cidadãos e mais de 100 feridos por armas de fogo, formada em sua maioria por jovens pobres e negros, moradores da periferia, sem passagem pela polícia.

E neste triste cenário, o maior volume de vítimas – foram pouco mais de 70 jovens em 8 dias (12 a 20 de maio) residia na Baixada Santista e no Grande ABC.

A luta por esclarecimentos – nunca admitidos pelo Estado – reuniu mães de áreas periféricas de Santos, como dos morros, Zona Noroeste e Vila Nova/Paquetá, e região, que se uniram por justiça.

Algumas ficaram no caminho sem atingir o objetivo: saber quem cometeu estes crimes contra seus filhos, com a participação efetiva de agentes do Estado.

No Brasil, são 84 mil desaparecidos – muitos deles vítimas de violência – nunca encontrados pelos seus filhos.

Apesar das promessas das autoridades ao longo deste tempo, quase nada avançou nas investigações por todas as esferas do Estado.

Por sua vez, mulheres-mães não desanimam e continuam na ativa.

 

Crimes de Maio

Dessa forma, os Crimes de Maio jamais serão esquecidos se depender destas mães, conhecidas como as integrantes do Movimento Independente Mães de Maio, que ganharam projeção municipal, estadual, nacional e mundial.

Portanto, o grupo ganhou força não só no Brasil, mas em outros países da América Latina, Estados Unidos e se espalhou por outros continentes.

“Descobrimos que existem Mães de Maio espalhadas pelo mundo”, salienta a fundadora e coordenadora do movimento, Débora Silva Maria.

Ou seja, a ação, iniciada há 15 anos, sintetiza a disparidade entre brancos e negros e sua condição social – o que ocorre em escala global.

Débora perdeu o filho Edson Rogério Silva dos Santos, que trabalhava como gari, e morreu no mesmo local onde trabalhava, no Morro da Nova Cintra, horas depois.

Para legitimar a morte, a Segurança Pública investigou se havia ficha criminal de Edson por 23 vezes, sem sucesso.

“Procuravam pelo em ovos para justificar as mortes e para a mídia, que não cobrou os Crimes de Maio à época”.

Sua luta já fora objeto de reportagem do Boqnews (confira o link)

 

Lei

A força deste movimento virou lei e ganhou adeptos e apoio de ONGs, defensoria pública paulista, universidades do Brasil e até do exterior, como a inglesa Oxford.

Para lembrar a data, uma extensão programação foi montada envolvendo vários segmentos da sociedade, mas tudo de forma virtual.

“As mães sempre foram às ruas, mas em razão da pandemia, e pelo fato de muitas ainda não terem sido vacinadas ou estarem doentes, as ações serão on line”, destaca Debora.

 

Manifestação

As atividades iniciaram nesta quarta (12), com a discussão no canal da Defensoria de SP sobre o tema Desaparecimento forçado de pessoas: contexto atual e estratégias de defesa.

Na oportunidade ficou acertada, mais uma vez, a responsabilização do Estado brasileiro pelos crimes ocorridos no estado de São Paulo em maio de 2006, incluindo os desaparecimentos de ao menos quatro menores.

Esta situação é alvo de petição do Movimento Independente Mães de Maio, do Núcleo de Cidadania e Direitos Humanos (NCDH) da Defensoria Pública de SP e da Conectas Direitos Humanos junto à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), da Organização dos Estados Americanos (OEA), formalizada nesta quarta-feira.

“Se não fosse Movimento Mães de Maio, nada disso seria possível. Nenhuma instituição ou entidade conseguiria fazer este barulho”, salienta a defensora pública Letícia Avelar, coordenadora auxiliar do NCDH.

Um caderno com artigos sobre o assunto foi lançado hoje pela Defensoria Pública para reflexão e discussão sobre o desaparecimento forçado de pessoas.

 

 

Esta é a terceira vez que a sociedade civil e a Defensoria recorrem à OEA – Organização dos Estados Americanos sobre os Crimes de Maio.

Uma primeira denúncia foi encaminhada à CIDH em 2009.

Nela, a Conectas e os familiares das vítimas denunciaram o caso alegando violação do Estado brasileiro à Convenção Americana de Direitos Humanos, ratificada pelo país em 1992.

Confira o restante da programação estadual.

 

Atividades on line

 

13/05- 19h  – Mesa de Debate sobre o sistema de justiça: a negação da existência alimentada pela impunidade.

Inscrição: https://sistemas.unifesp.br/acad/proec-siex/index.php

Canal de transmissão: https://www.youtube.com/watch?v=98oVJNPyb1I

 

14/05- 19h  – A dor da perda transforma o Luto em Luta – Parte I

Inscrição: https://sistemas.unifesp.br/acad/proec-siex/index.php…

Canal de transmissão: https://www.youtube.com/watch?v=GRE2dCoXB8g

 

15/05- 17h – Ato “15 anos dos crimes de maio: a luta continua”.

Trará os depoimentos das mães e todos os parceiros e parceiras que estiveram com o
movimento nestes 15 anos.

Canal de transmissão: https://www.facebook.com/eduardosuplicy

 

16/05- 16h  – A dor da perda transforma o Luto em Luta – Parte II.

Inscrição: https://sistemas.unifesp.br/acad/proec-siex/index.php…

Canal transmissão: https://www.youtube.com/watch?v=LT221892dPk

19h “SARAU LEVANTE MÃES DE MAIO – 2º Edição”. Poesia Marginal: Favela
Resiste. Participação: Bete Nagô e Débora Silva – DJ Cuco, Nilson Nogueira Poeta
da Maré e João Mendes.

Canal de transmissão:
https://www.facebook.com/maes.demaio/
https://www.youtube.com/channel/UCQmAo46nwMPBAM3an9kbLlA
https://www.instagram.com/movimentomaesdemaio/

 

Encontro internacional

 

18/05- 17h “Violência policial, memória e mobilização no Brasil”.

Organizado por Harvard Kennedy School e Movimento Mães de Maio.
Link para inscrição e acesso: https://tinyurl.com/maesdemaio

 

Grupo de mães em encontro na Universidade Federal da Bahia. Fotos Divulgação

 

19/05- 19h “Sarau das Mães de Maio do Nordeste”

Com a participação de Rute Fiuza (Mães de Maio do Nordeste), Débora Silva (Mães de Maio de SP), Edna
Carla (Mães do Curió), Mira Alves (Movimento sem teto da Bahia), Rita Ferreira (MSTB e Integrante do Coletivo Incomode) e Maria Luiz (Manifesto Musical – Cabaré Feminista).
Canal de transmissão:

https://www.youtube.com/user/JusticaGlobalBrasil/
https://www.facebook.com/justicaglobal

 

21/05- 19h – Roda de conversa no Centro Cultural do Campo Limpo, com participação das integrantes de movimentos de Mães. Participação de Débora Silva (Baixada Santista), Rute Fiuza (Salvador), Edna Carla (Ceará) e Márcia Gazza (Zona Leste – SP).

Canal de transmissão: https://www.facebook.com/ccampolimpo

 

22/05- 19h – Reprise Cordão da Mentira:
https://www.youtube.com/watch?v=GfbDuYlJ7F8

29/05- 16h – “Abolicionismo penal popular: construindo um projeto político desde
baixo” – Frente pelo desencarceramento.

Canal de transmissão:

https://www.youtube.com/channel/UC3CVOItgwdzJ_UHJWAxXCtw

https://web.facebook.com/desencarceramentosp

 

30/05- 19h – “Sarau Levante Mães de Maio – 3ª Edição. A Luta bem do Útero – Salve Mães de Maio!”

Apresentação: Bete Nagô e Débora Silva com a participação de Débora Camilo, Nenê Surreal e Luana Hansen.

Canal de transmissão:
https://www.facebook.com/maes.demaio/
https://www.youtube.com/channel/UCQmAo46nwMPBAM3an9kbLlA
https://www.instagram.com/movimentomaesdemaio/

 

 

Manifestação

Uma série de organizações sociais ligadas ao movimento negro irá realizar nova manifestação nesta quinta (13), a partir das 12 horas, em frente ao Palácio de Justifiça de Santos, na Praça José Bonifácio.

A manifestação será pelo fim do genocídio negro pelo controle social da atuação das polícias.

 

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