Pandemia, inflação, desemprego, risco de apagão e crise política, o cenário atual do Brasil não está nada fácil.
Em vez do debate para sancionar os problemas, o presidente Jair Bolsonaro resolve priorizar pautas secundárias como o voto impresso auditável que já foi rejeitado pela Câmara dos Deputados.
Além disso, as declarações do presidente contra o Supremo Tribunal Federal (STF), em especial ao ministro Alexandre de Moraes, na manifestação na Avenida Paulista para apoiadores na última terça-feira (7) geraram mais crise entre os poderes.
O resultado da atitude de Bolsonaro veio no dia seguinte, com a alta do dólar, queda do Ibovespa na Bolsa de Valores e a greve de caminhoneiros que apoiam o presidente.
Bolsonaro tentou contornar a situação no dia seguinte, com uma carta, na qual diz que não houve intenção de agredir outros poderes.
A carta foi escrita com auxílio do ex-presidente Michel Temer.
O ato amenizou o impasse, sobretudo no mercado financeiro, mas a situação ainda é delicada.
Cientista Político
De acordo com o cientista político, Fernando Chagas, o Brasil vive a maior crise política da Nova República, provocada por “um presidente reacionário e autoritário”, cujas ações e omissões abalam os pilares das instituições nacionais, comprometendo os princípios da democracia, Federação e República do País.
Chagas ainda ressaltou que apesar de Bolsonaro ter preparado durante longo tempo um ato antidemocrático, envolvendo muitos recursos públicos e estrutura governamental, as manifestações dos seus fanáticos seguidores nas ruas do País foram aquém das expectativas dos bolsonaristas.
“Por outro lado, a quantidade de manifestantes extremistas nas vias públicas do País, principalmente na Avenida Paulista, foi significativa e preocupante, demonstrando que o Bolsonaro é um líder populista, capaz de movimentar as massas relevantes, que podem tentar uma ruptura institucional”, destacou Chagas.
Além disso, o cientista político salientou que o impeachment não é impossível no atual cenário nacional, mas é muito improvável neste momento, haja visto que a base aliada do presidente, liderada pelo Centrão, é suficiente para rejeitar um pedido de impedimento de Bolsonaro na Câmara do Deputados.
Economia
Um dos maiores problemas do Brasil é a economia. A inflação subiu 0,87% em agosto, a maior para o mês desde 2000.
Para o economista Luciano Simões, o aumento da inflação no Brasil está ligado à pandemia da Covid-19, haja visto que houve a paralisação na produção de alguns setores neste período e a pauta de exportação que é focada em commodities, com base nos produtos agrícolas, como a soja e carne.
“Importamos muitos destes produtos em 2021. Quando existe uma demanda muito grande de exportação faltam alimentos no mercado interno e assim acontece a inflação. Além disso, existe o fator do câmbio, ou seja, precisamos de muitas peças que são importadas”.
Simões salientou que o Governo Federal precisa aprovar as reformas administrativas e diminuir os gastos internos, com ajudas as empresas e a população. “A inflação só deve diminuir no início de 2022″.
Questionado sobre quais produtos tiveram um maior aumento, o economista citou que o arroz, feijão e a gasolina tiveram uma das maiores altas.
“Uma das saídas para isso é a diminuição dos impostos não só federal, mas o ICMS dos estados é muito pesado”, finalizou o economista.
Mercado
O mercado tem sido um dos grandes inimigos do orçamento da população brasileira.
Tanto que já foram registradas vendas de ossos de carne em açougues e mercados no País, algo impensável há alguns anos.
Com grandes dificuldades no orçamento, algumas famílias estão indo em diferentes mercados para pesquisar preços e buscar ofertas.
Outras pessoas já estão trocando a alimentação, como, por exemplo, o arroz pelo macarrão. A situação é ainda pior para as pessoas em situação de maior vulnerabilidade que estão passando fome.
A Reportagem esteve presente em supermercados do bairro do Boqueirão e o sentimento dos consumidores é de insatisfação.
De acordo com a aposentada Marisete Fernandes, o aumento dos produtos não cabe no orçamento e assim os preços disparam a cada mês.
“No momento, só dá para comprar frango e ovo. A carne vermelha saiu do cardápio. A gente se vira da maneira que pode, fazendo omelete e outros pratos mais acessíveis”, destacou Marisete.
O aposentado Fernando Crispim também criticou o aumento de preço nos produtos.
“Está tudo aumentado. Na semana passada comprei um pacote de café por R$ 7,00, e hoje o produto já passou de R$ 10,00. O jeito é pesquisar e ter paciência de ir em diferentes mercados para baratear as despesas”, afirmou.
Desemprego e apagão
Não bastasse a alta dos alimentos, a população também lida com o desemprego que atinge 14,4 milhões de brasileiros, segundo dados do IBGE.
Uma das saídas para driblar a crise é trabalhar com carros de aplicativo.
Entretanto o aumento do preço da gasolina que chega a R$ 7 em algumas cidades tem feito muitas pessoas desistirem do trabalho por conta da falta de retorno.
Além disso, o Brasil lida com um risco de apagão, devido à crise hidrelétrica que tem se agravado em 2021 com a falta de chuva.
Dessa forma, o Governo Federal tem orientado a população para economizar.
Em setembro, continua valendo a bandeira vermelha com o patamar 2 na conta de luz.