Diversidade e identidade de gênero: um debate necessário no Brasil | Boqnews
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Sociedade

17 DE MARÇO DE 2023

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Diversidade e identidade de gênero: um debate necessário no Brasil

Violência ainda é um dos temas preocupantes em relação à cultura de diversidade de gênero

Por: Vinícius Dantas
Da Redação

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No último dia 8, data em que é comemorado o dia das mulheres, o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) foi à tribuna na Câmara Federal para discursar sobre a data. Ele colocou uma peruca loira e ironizou a existência de mulheres transexuais.

O deputado afirmou “Hoje eu me sinto mulher. Deputada Nicole”. Além disso, segundo ele, as mulheres estão perdendo seu espaço para homens que se sentem mulheres.

“Para vocês terem ideia do perigo de tudo isso, eles estão querendo colocar a imposição de uma realidade que não é a realidade. Ou você concorda com o que estão dizendo ou, caso contrário, você é um transfóbico, um homofóbico e um preconceituoso”.

A questão que fica é até que ponto isso afeta as pessoas transexuais e como a sociedade deve lidar com a situação?

Números

Para se ter noção, segundo informações da Agência Brasil, o País lidera o número de mortes de pessoas trans e travestis no mundo pelo 14º ano consecutivo.

Isso está de acordo com o Dossiê Assassinatos e Violências contra Travestis e Transexuais Brasileiras da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).

No ano passado, houve o assassinato de 131 pessoas trans e travestis no País. Além do suicídio de outras 20, em razão do preconceito e discriminação. Um fato impactante é que a vítima mais jovem tinha apenas 15 anos.

O psicólogo Luke Mazzei cita o impacto do caso de Nikolas Ferreira que toca na ferida de uma questão de vida ou morte. “Um exemplo, me identifico como homem, essa é minha realidade. Imagina alguém tirar essa existência? A comunidade trans vive isso porque é invalidada na própria existência, o que aconteceu com o Nikolas Ferreira. Ele está sendo violento por dar risada da existência de milhares de pessoas trans. Sabendo que, por exemplo, o Brasil é o país que mais mata LBTQIAP+, tem mais índice de mortes”, ressalta Mazzei.

Além disso, ele afirma que as pessoas constroem o gênero perante a sociedade. Pelo fato de nascer homem ou mulher por conta da genitália, por exemplo, o homem vestir azul, assistir futebol, segundo ele são pensamentos violentos e se a pessoa escolhe seguir esse caminho cisheteronormativa (atitudes heterossexuais e que a identidade de gênero tenha ligação com o sexo biológico de nascença) é aceita no padrão da sociedade, se não segue, acaba “destoando” dessa margem.

Ele também responde algumas questões:

Afinal, como a pessoa chega nesse pensamento?

“As pessoas normalmente trans, durante a vida delas vão tendo alguns indícios que se incomodam com o gênero que lhe é imposto. Ninguém nasce de um gênero, todo mundo se torna daquele gênero. Esse processo de transição, aceitação, é muito duro para a pessoa. Porque a sociedade fala que a pessoa é um homem, ela se sente, por exemplo, como mulher. Então parte desse pensamento emocional e psicológico, mas é um encontro entre esse social e esse emocional com interno e externo. E dentro dela como indivíduo e como a sociedade, ela vai vendo que ela se identifica muito mais para outro lado ou entre os dois lados, do que para esse que lhe foi imposto”.

 

Como a sociedade deve lidar com essa situação?

“Sempre parte do pressuposto de respeitar, por exemplo, você não sabe? O assunto lhe interessa? Hoje, a gente tem internet, reportagens, muitos lugares para entender. A gente tem que lutar contra transfobia, LGBTQIAP+fobia. Acho que o primeiro passo é respeitar a existência do outro e possibilitar o espaço de escuta, de acolhimento, se tiver alguém passando por uma crise identitária ou de orientação sexual, é ofertar esse espaço de acolhimento”.

Outros casos

O que é importante nesse ponto de transição, por exemplo, é o caso de um homem branco que se autodeclarou negro nas inscrições de um concurso para a carreira diplomática em vagas de cotas raciais.

Questionado sobre esse exemplo, Mazzei comenta “Hoje em dia você se identifica como pessoa, é uma auto declaração, principalmente em concurso público. Nesse caso, foi uma repercussão de uma pessoa que quis passar vantagem, nada haver com a pessoa querer ser. O que a luta antirracista faz é na realidade dar oportunidade para grupos que são vulneráveis”.

Além disso, também repercutiu o fato da nadadora transgênero Lia Thomas, a primeira a ganhar um título universitário nos Estados Unidos. Thomas nadou pela equipe masculina da Pensilvânia por três temporadas. Isso, antes de realizar o processo de transição de gênero.

Sendo assim, fica evidente a importância da sociedade debater esse tema para não só amenizar os índices de morte, mas para fortalecer a educação e compreensão de todos.

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