Diante da tentativa do Palácio do Planalto e da cúpula do Senado de isolá-lo politicamente, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), criticou nesta terça-feira (11) as negociações travadas entre o governo e senadores afirmando que nenhum acordo irá prosperar sem o aval expresso dos deputados.
Lembrando que o sistema Legislativo brasileiro é bicameral -composto pela Câmara e pelo Senado-, Cunha disse que a tentativa de acerto corre o risco de ser um mero jogo para a “plateia”.
“É só preciso ter cautela com uma coisa: vivemos, pela Constituição, um sistema bicameral. Não vivemos um sistema unicameral. (…) [a exclusão da Câmara dos debates] É uma tentativa de passar uma imagem de que só existe o Senado e de que vai criar constrangimento para a Câmara. Não vai, isso é bobagem.”
Liderados pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), senadores propuseram ao Planalto na segunda (10) um pacote de medidas para enfrentar a crise econômica. Enfraquecido politicamente, o Planalto encampou a ideia com o objetivo de estreitar as relações com Renan e tentar isolar Cunha.
O presidente da Câmara se elegeu para o cargo em fevereiro derrotando o PT e o governo. Desde então, vem patrocinando derrotas ao Palácio do Planalto. No mês passado, anunciou oficialmente o rompimento sob o argumento de que suspeitas contra ele nas investigações da Lava Jato têm o dedo do governo.
Incendiário
Cunha fez questão de ressaltar que não trabalha a favor de projetos da “pauta-bomba” e que o Senado, que segundo ele agora quer passar a imagem de defensor das contas públicas, tomou medidas em sentido contrário. Entre eles o reajuste dos servidores do Judiciário e a devolução da medida provisória que revê a política de desoneração da folha de pagamento.
“Quem não acabou a votação do ajuste fiscal até agora foi o Senado.”