A eleição de Donald Trump nos Estados Unidos com a promessa de taxar produtos estrangeiros para conquistar o mercado nacional não significa necessariamente que ele terá sucesso.
Afinal, em um mundo globalizado, as relações comerciais se intensificam.
E os interesses econômicos se sobrepõem aos políticos.
Ou seja, ainda que Trump amplie os impostos para os produtos chineses e de outros países, por exemplo, o próprio país já encontra outras alternativas.
“Os chineses exportam equipamentos para o México, que apenas monta os aparelhos de TV que são vendidos nos Estados Unidos”, explica o professor doutor e coordenador de Relações Internacionais da Unisantos, Fabiano Lourenço de Menezes.
Ele participou do Jornal Enfoque nesta quinta (21), onde falou sobre este e outros assuntos.
Além disso, a China já é a segunda maior economia do mundo – atrás apenas dos Estados Unidos – e em constante expansão.
Quando estudou Relações Internacionais na Austrália há mais de 20 anos, um dos seus professores já apresentava um gráfico sobre a expansão do mercado chinês – em terceiro lugar no cenário internacional na ocasião.
“Pós-1945 (fim da Segunda Guerra Mundial), os Estados Unidos reinaram de forma absoluta, mas o cenário começou a mudar lentamente a partir dos anos 80/90”, salienta.
Assim, a queda do Muro de Berlim e as mudanças políticas no Leste Europeu, com a dissolução da União Soviética em 26 de dezembro de 1991, o jogo de xadrez mundial começou a ser alterado.
Especialmente com o avanço significativo da China para o cenário atual.
Sem contar com a Índia, hoje país mais populoso do mundo e também com crescimento que a coloca em 5º lugar no cenário mundial, ultrapassando a Inglaterra em 2022.
“A Índia lembra a China do fim dos anos 80 e 90, com crescimento acima da média”, salienta.
Alternativas
Portanto, as dificuldades impostas pelo futuro governo Trump devem abrir possibilidades para outros mercados e negócios.
Reflexo, por exemplo, dos investimentos da China em outros países – como na América Latina.
Caso do Peru, onde o país asiático investe no complexo portuário de Chancay, localizado a cerca de 70 quilômetros ao norte da capital peruana, Lima.
Trata-se de um projeto liderado pela companhia marítima estatal chinesa Cosco Shipping Company, a terceira maior do mundo.
Os investimentos totais estimados chegam a US$ 3,4 bilhões (cerca de R$ 19,7 bilhões).
A ideia é tornar o futuro porto no maior da América do Sul e referência na ligação dos países ligados ao Oceano Pacífico com os países orientais.
Outro exemplo é o avanço da chinesa BYD, que saiu na frente dos carros elétricos.
E vai investir no Brasil, em fábrica em Camaçari, na Bahia, em área onde a outrora americana Ford ocupou.
Outros temas
Menezes enfatizou também hoje as empresas precisam se adequar às regras do ESG (Environmental, Social e Governance, em inglês, Ambiental, Social e Governança).
E efetuou um balanço das ações ocorridas durante a Cúpula do G20, no Rio de Janeiro, ocorrida no início da semana.
Com ênfase nas questões ambientais e do combate à fome.
Além de ser um preparativo na questão diplomática brasileira – e mundial – na COP30, ou seja, a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), a ser realizada em Belém (PA), em novembro de 2025.
De acordo com estimativas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), estima-se um fluxo de mais de 40 mil visitantes durante os principais dias da Conferência.
Deste total, aproximadamente 7 mil compõem a chamada “família COP”, formada pelas equipes da ONU e delegações de países membros.
Confira o programa completo
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