Quase seis em cada dez alunos recém-formados em Medicina em São Paulo foi reprovada no exame de avaliação do Conselho Regional de Medicina do Estado no ano passado. É o que mostram os resultados divulgados pela instituição nesta quarta-feira.
Do total de 2.667 estudantes que participaram da prova, 56% não alcançaram a nota mínima. Ou seja, acertaram menos de 60% das 120 questões do exame.
Os alunos das faculdades privadas continuam sendo os que mais reprovam no exame. Em 2015, representavam 59% dos que não alcançaram a nota mínima. Em 2016, subiu para 66%.
Também houve um aumento expressivo de reprovação nas instituições de medicina públicas no estado. O número de alunos reprovados subiu de 26% em 2015 para 38% no ano passado. Nos cursos de Medicina privados, 66,3% dos alunos foram reprovados em 2016, superando a médida de 2015, com 58,8%.
Atualmente, existem 46 escolas médicas em atividade no Estado e São Paulo. Destas, 30 foram avaliadas no Exame de 2016.
O exame do Conselho Regional de Medicina foi realizado em outubro nos municípios de Botucatu, Campinas, Marília, Presidente Prudente, Ribeirão Preto, Santos, São Carlos, São José do Rio Preto, São Paulo e Taubaté.
Erros básicos
Muitos dos recém-formados demonstraram não saber interpretar exames de imagem para diagnosticar e administrar a conduta terapêutica adequada a casos médicos básicos e problemas de saúde frequentes, como crises hipertensivas e doenças respiratórias.
A seguir, alguns exemplos de questões com altos índices de erro:
- 80% não souberam interpretar um exame de radiografia e erraram a conduta
terapêutica de paciente idoso; - 78% não souberam interpretar o tipo de pesquisa científica e relevância para
indicação de novos tratamentos; - 76% não souberam indicar qual medicação antipsicótica está associada a maior
ganho de peso; - 75% não souberam identificar principais características e conduta a ser tomada no
caso de paciente com deficiência respiratória; - 71% não acertaram diagnóstico e tratamento para hipoglicemia de recém-nascido,
problema comum nos bebês; - 70% não conseguiram diagnosticar tuberculose por meio da história clínica e
exame físico; - 70% não souberam indicar a conduta adequada em paciente com crise
hipertensiva, doença que acomete 25% da população brasileira. Esta é uma
manifestação com potencial de morte e acidente vascular cerebral da hipertensão
arterial – doença que acomete 25% da população brasileira;
Participantes, aprovados e reprovados no Exame do Cremesp 2015 e 2016, segundo natureza das escolas médicas paulistas:
Ano Situação Privadas (total e em %) Públicas (total e em %)
2015 Aprovados 751 41,2 662 73,6
2015 Não aprovados 1.074 58,8 238 26,4
Total 1.825 100,0 900 100,0
2016 Aprovados 588 33,7 578 62,2
2016 Não aprovados 1.159 66,3 352 37,8
Total 1.747 100 930 100
Fonte: Fundação Carlos Chagas/Cremesp
Médias de acertos, por área de conteúdo, entre participantes do Exame do Cremesp 2016, formados em escolas paulistas: (Fonte: Fundação Carlos Chagas/Cremesp)
Área de Conteúdo Média
Ciências Básicas 65,1
Saúde Mental 63,7
Clínica Cirúrgica 59,5
Bioética 58,1
Clínica Médica 57,8
Ginecologia 56,2
Obstetrícia 54,7
Pediatria 53,3
Saúde Pública/Epidemiologia 49,1